Há um viés do governador Marcelo Miranda de jogar no lombo dos 36 mil servidores efetivos a responsabilidade pela situação administrativa, econômica e financeira do Governo, com reflexos diretos na economia do Estado.
A tese, como lógico, tem a anti-tese: se os efetivos são o problema, os comissionados seriam a solução. Bingo!!! E qual seria a síntese disso tudo? E a administração? E o orçamento? Qual o papel do administrador?
A proposição palaciana camufla as contratações diárias de comissionados e verbalizadas seguidamente pelo Chefe do Executivo (como o fez novamente ontem no anúncio da reforma) expõe uma tática, a priori, sugestiva de uma espécie de antropofagia e, por tal, revestida de divisionismo e diversionismo, na medida em que muda o foco dos problemas, mira-se, implicitamente, em retirar o essencial do campo de visão do cidadão.
Se o Estado tem 36 mil efetivos, a administração os contratou por concurso público, na forma da lei que exige, dentre outra condições, a pré-existência de orçamento para sua contratação. São despesas de caráter continuado o que obrigaria a administração a garantir-lhes o pagamento já que não pode demitir servidor efetivo sem o devido processo legal.
Poder-se-ia contrapor Marcelo Miranda com o fato de que grande parcela das contratações de efetivos e concessão de benefícios se deram também em suas administrações, o que, por si, já seria capaz de negar crédito a suas proposições atuais, sem que negasse (ou se incluísse ele próprio) como parte do problema.
É uma tática suicida. A provocação que o Chefe do Executivo (sabe-se lá orientado por qual energúmeno) começa a fazer com servidores (ontem teria dito que não negocia com grevistas e que os funcionários da saúde " jogam dominó e baralho e depois vão protestar”) pode levar esses 36 mil servidores às ruas, inviabilizando a sua administração e piorando a situação da população. No ano passado, os policiais civis enfrentaram o governo que ficou sem saídas. Retrocederam por opção tática mas podem voltar às ruas novamente. Junto com os servidores da saúde (que estão fechando os hospitais) será o caos instalado.
A não ser que o Governo enxergue no caos instalado a possibilidade de transferir o ônus da ineficiência da administração para o recrudescimento dos movimentos grevistas. Somente desta forma teria sentido um Governador provocar servidores com expressões de indiscutível confronto tal como se dá.