Racional e perfeitamente justificável, o governador Mauro Carlesse com apenas quatro dias de exercício no cargo ressente, na prática, da sustentação política que a retórica de sua base pré-existente no Legislativo lhe apregoa. Os deputados querem dizer-se participantes do governo, mas titubeiam nas indicações a que, pelo suposto apoio, teriam direito e dela fizessem uso exacerbado nos governos interinos anteriores. E o fazem com pouca desfaçatez dizendo-se republicanamente éticos ao não interferir no governo Carlesse, mas já o fazendo, de público, na omissão.

Como efeito, já não são mais dissimuladas as dificuldades que enfrenta o novo governo para a elaboração de um grupo de trabalho (secretariado) disposto a enfrentar a arapuca armada por Marcelo Miranda e seus auxiliares. Problemas certo modo impulsionados pela própria ação/omissão de Carlesse no Legislativo e apontados de forma expressiva pelos deputados que dizem dar apoio ao novo governador.

Uma delas, a não pauta do pedido de impeachment de Marcelo que tramita na Assembléia há mais de ano pela prática dos crimes de responsabilidade e que muitos atribuem-no a uma preocupação com o Estado que o TSE demonstrou fosse não republicana e equivocada, afinal desdobramentos sociais não justificariam a prática de crimes, pois nas democracias e no estado de direito, os fins, em absoluto, liberariam o escrutínio dos meios.

A cassação, ademais, era esperada por Carlesse e seus apoiadores no Legislativo há mais de ano, tanto que optaram justamente por não levar adiante o processo de impeachment do Governador cassado, pela prática de crime de responsabilidade porque neste caso não caía a chapa, e sim Marcelo, proporcionando a posse da vice Claúdia Léles e não do presidente do Legislativo.

A inclinaçao ao distanciamento do Governador tem sentido lógico. Dois meses de administração (a eleiçao é 3 de junho) e Carlesse se dividindo, no período, entre governar o Estado e fazer campanha eleitoral na eleiçao suplementar, pode retirar ativos do Governador e nao o contrário.  Vai ter que dizer mais não que sim com resultados imprevisíveis do ponto de vista político.  Alias, intuo que o não pode ser mais producente porque estabeleceria oposição ao sim que levou o Estado próximo à bancarrota. E, por consequência, a uma conexão com o equilíbrio fiscal. Nao é de todo verdadeiro que a população estivesse alheia a isto.

 

Um Estado com uma dívida consolidada de R$ 3,3 bilhoes.  Algo próximo de um bilhão de reais das quais elevada no governo Marcelo Miranda (pegou o governo com uma dívida de R$ 2,4 bilhoes/balanço orçamentário de 2014). Um governo que reconhece passivos de apenas R$ 662 milhoes (balanço/2017) mas deve mais de R$ 100 milhoes de consignados e outros cerca R$ 600 milhoes de data-base e progressões, R$ 600 milhoes de Igeprev, Plansaúde e que foi entregue pelo governador cassado com uma diferença de meio bilhão de reais entre o que liquidou e pagou. Ainda: gastou no ano passado 18,02% de todas as suas receitas (R$ 1,1 bilhao) com saúde e os hospitais públicos da forma como estão.

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