O governo deu contorno essa semana à coalizão da campanha de 2018: já tem os prefeitos nas mãos, tanto com as verbas dos empréstimos (dividida pelos deputados) como as emendas de parlamentares federais que a coordenação da bancada, num movimento sincronizado com o Palácio Araguaia, colocou sob responsabilidade do Chefe do Executivo (em campanha pela reeleição) a competência para sua distribuição aos prefeitos.

A estratégia do PMDB no governo e do governo do PMDB, parece,  tudo indica, é avançar com o uso das instituições. Não é nenhuma novidade. Marcelo Miranda em todos os seus governos fez o papel de vítima para atropelar adversários. Na verdade, seria o bem de que todos contrários fossem o mal. É competente nisso: o Estado está naufragando por suas ações e omissões e ainda coleciona defensores de que, na verdade, é uma vítima. Críticas à sua administração seriam objeções ideológicas e partidárias quando não, pessoais, confundindo família com Estado.

Como é o caso da declaração a ele atribuída pelo Jornal do Tocantins deste domingo de que a senadora Kátia Abreu para se eleger teve que ir para o seu palanque em 2014. Ora, em 2014, Marcelo Miranda não tinha sequer partido, o presidente regional do PMDB era Junior Coimbra, seu então adversário, que foi referendado pela unanimidade dos convencionais como candidato ao governo. Marcelo não tinha prefeito, deputado estadual, federal nem senador.

Ele e o PMDB autêntico estavam completamente paralisados. Junior Coimbra estava com Siqueira. Kátia foi convidada pela Nacional para operar a mudança. Tanto que Marcelo foi nomeado candidato numa convenção interventora, um grupo de cinco pessoas o declarou candidato. Até os advogados que fizeram sua defesa no processo foram viabilizados por Kátia Abreu que poderia sair candidata pelo PSD. O PMDB nacional teve que acertar-se com o PSD nacional para liberar Kátia para o PMDB. O PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos em 2014. Mais que o PMDB, portanto.

Uma narrativa heterodoxa essa do Governador. Outra narrativa em curso é dar o Legislativo a natureza de vilão pela tramitação do pedido de impeachment. Neste aspecto, encontra ajuda dos parlamentares pela forma como tratam o processo. Afinal, há dez dias a procuradoria do Legislativo opinou pelo trâmite da matéria e nem mesmo os deputados receberam cópia de tal parecer sobre assunto tão grave.

Evidente que ainda que fosse inoportuna, a acusação contra Marcelo Miranda é não só plausível, mas comprovada no que diz respeito ao crime de responsabilidade. E aí seria o caso de se analisar se o não processamento do pedido, com a investigação do governo, não seria impulso a que ele mantivesse a prática criminosa, aumentando a crise financeira e institucional no Estado.O Palácio Araguaia tenta impor ao Legislativo a partir da narrativa disseminada, fundada no discurso vitimizado de busca de compaixão, mesmo que eliminando uma das prerrogativas dos deputados em favor do Executivo.

É uma tática que tem exercido influência até mesmo em outros poderes que tem aceito as teses governistas mesmo que na prática não exista dúvida de que a situação do Estado é resultado dos equívocos da Administração e não da população ou de outras instituições. Essa compaixão (que Marcelo Miranda sempre buscou) o incentiva a continuar se movimentando, tanto política como administrativamente, livre.

Como é bem prova o lançamento de obras da ponte de Porto Nacional, anunciada para amanhã, com recursos próprios. O empréstimo de R$ 130 milhões sequer foi analisado pelo governo federal (o Estado está sem CRP por débitos com a Previdência).

O governo (dados oficiais) vai fechar o exercício com um déficit primário de R$ 620  milhões, deve R$ 700 milhões ao Igeprev, R$ 1 bilhão aos servidores (passivo), R$ 1 bilhão a fornecedores (diferença entre o que liquidou e pagou de janeiro a setembro/2017), aumentou o custeio da administração em 17,2% (de junho a agosto) quando tinha como meta uma redução de 20% no período, deve R$ 70 milhões ao Plansaúde e R$ 80 milhões à Litucera e está gastando 50,27% das receitas com funcionalismo (35% destes comissionados/contratados/contratos políticos).

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