Os problemas da administração sucedem. A despeito de tangenciados por parte da sociedade e de parcela do governo, como que de certa forma paralisados em função da greve dos policiais (considerada ilegal pela Justiça) que envolve pouco mais de 1,7 mil servidores. Aliás, situação que tem atingido a população menos que a recorrente falta de medicamentos e de profissionais de saúde nos hospitais públicos do Estado, fundamentais para a maioria dos 1 milhão e 496 mil habitantes.

A saúde vem sendo sucateada há anos. A começar pela própria construção do Hospital Geral de Palmas (e do Laboratório Central), obras que custaram milhões aos governos e que duraram quase uma década para ficarem prontas, apesar dos repasses federais. Durante muito tempo, por exemplo, ficou aquele esqueleto plantado (teve até vistoria de uma Comissão Nacional do Ministério e TCU)   nas imediações da principal avenida da cidade, enquanto a população era atendida naquele “muquifo”, o tal Hospital Maternidade, na 504 Sul. E o que dizer do Hospital de Urgências que a Prefeitura negligencia sua construção, pegando carona no atendimento do hospital de referência estadual e entregando-lhes o ônus de atendimento que é municipal?

Hoje, lê-se no Jornal do Tocantins que já vai faltar médicos no HGP e na Maternidade Dona Regina, na Capital. O Conselho Regional de Medicina informa que a carga horária dos médicos já foi cumprida. Como o governo tem dificuldade pagar extras, o paciente ficará sem o profissional. Há denúncias de falta de medicamentos e de superlotação, agravada pelo fato de terem sido desmontadas estruturas no interior e os pacientes estarem sendo transferidos para Palmas. Ou seja, a inércia do atendimento precário,oriunda do governo anterior, permanece. No caso dos médicos, uma contradição. Pelas contas do governo, como vai no JTO, existem na rede pública 1.185 médicos (contratados e concursados) para atendimento de 1,496 milhões de habitantes. Se levarmos em consideração que todos iriam para a rede pública (deixando de lado quem tem plano de saúde) daria, portanto, uma conta deficitária. O que não é verdade. Na rede privada existem 884 postos de trabalho para atender 90.405 mil pessoas,o que significa que no Tocantins há na rede privada uma média de 9,78 médicos por cada grupo de mil habitantes (dados do CFM).

Os dados objetivos indicam que os profissionais da medicina têm razão em sua medida. Há profissionais de menos e paciente de mais na rede pública. Os números são claros quanto ao gargalo, desconhece-se os motivos para a sua não solução.  Até mesmo contabilizando os postos de trabalho médicos existentes na rede pública estadual (1.940 conforme o Conselho Federal de Medicina). Comparando-os aos números do governo, resultaria num déficit profissional de 755 médicos entre o que diz ter contratado e estar disponível a administração e as vagas existentes. Se fossem preenchidas estas vagas teríamos no Estado, somente na rede pública, 1,29 médico/mil habitantes. Superior,portanto, que o existente em pelo menos 17 Estados do país.

Mas há vários pontos nesta conta que não fecham. O governo o Tocantins aplicou no ano passado R$ 1 bilhão e 7 milhões com a saúde.  Para este ano, estão previstos (orçamento aprovado ontem) R$ 1 bilhão e 634 milhões. Um crescimento de 62% em 2015 sobre o efetivamente aplicado no Fundo Estadual de Saúde em 2014. Isto aí – caso se concretize - dá um gasto per capita/ano de R$ 1.092,00 para cada um dos 1.496.000 habitantes do Estado (última previsão do IBGE). Resulta uma média de R$ 2,99/dia. Está, como se nota, dentro da média nacional dos governos federal, estadual e municipal que gastaram em 2013 (último dado disponível no CFM) o equivalente a R$ 3,0/dia. Metade do que gastaram as pessoas que têm plano de saúde.

A situação, entretanto, como se nota, parece ter compromisso com o passado. Cotejando aquele R$ 1 bilhão efetivamente gasto em 2014 temos que na administração passada o orçamento destinou R$ 668,00 para cada um dos habitantes do Estado. Uma média diária per capita de R$ 1,83. Ou seja, metade do que está prevista este ano e do que revela a média nacional. O que isto quer dizer? Que resulta falacioso o discurso de que ao aplicar um montante desses, se tenha solucionado a questão. Na verdade, observando os indicadores nacionais, estamos ainda no prejuízo, há um déficit da aplicações que podem, certamente, dar indícios dos motivos que levaram ao caos atual. Sem prejízo da avaliação de que o atual governo expõe, hoje, com o orçamento as mesmas intenções publicitadas no ano anterior e que nestes quase três meses ainda não surtiram efeito as aç.ões que se propunha implantar para resolver, com a urgência que o assunto requer, tais gargalos. Que se repetem e, em alguns casos, recrudescem lá nos corredores dos hospitais públicos.

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