Leitores me cobrando posição do blog sobre o que se passa no país. Alguns parecem imaginar que o blogueiro esteja se omitindo, coisas do tipo, ainda que nestes seis anos tenha enfrentado – como acompanham – todo tipo de ameaça e constrangimento justamente por escrever o que penso, sem amarras, enfrentando patrulhas ideológicas, políticas, partidárias ou mesmo querendo agradar grupos que se consideram politicamente corretos de olho em acessos. Nestes 36 anos de jornalismo aprendi uma coisa: a notícia ou opinião não tem que agradar. Ela é e pronto.

Um dia um grupo te elogia por algo que você escreve e outro grupo o condena. No outro dia, a coisa se inverte ao sabor dos interesses de cada um. Na seara política, mais ainda. Mesmo que aqui devesse se dar o contrário, dada a liberdade de expressão dos regimes democráticos. Daí estabelecer a minha régua, conduzida pela razão, dentro da lógica. É assim porque a vida também é assim. O patrocínio do blog (anúncios) garante o contrato com a Agência Estado de São Paulo, cujo conteúdo disponibilizo gratuitamente para o leitor, direto da fonte, sem canibalizar ou piratear notícias nacionais. Em absoluto, conduzem opiniões.

Mas voltemos. O PMDB faz hoje sua convenção e o presidente regional no Tocantins antecipou ontem que vai defender a renúncia da presidente Dilma Roussef. Uma bravata, estão a mostrar os fatos. Nos jornais nacionais neste sábado, os diregentes nacionais do partido já conduzem a convenção apenas para um ato administrativo e político interno, sem declarações de rompimento. Na verdade, o PMDB tem sete ministérios (um dos quais comandado por uma tocantinense, senadora Kátia Abreu) e o vice-presidente da República. Como separar, então, o PMDB do governo do PT? A declaração está a indicar que assertivas como a do presidente regional do partido seguem a onda das ruas, insuflada pela oposição e pelos fatos políticos e econômicos, sem importar-se com a razão que movimenta o cartesiano. A mesma onda, portanto, que move os contrários, os militantes do PT e asseclas na defesa do stabilisment. Não há como o PMDB sair por aí – na propositura do presidente regional do partido - com cara de Madalena arrependida (sem demonstrar arrependimento) e vociferar que não tem nada com a situação econômica e política do país. E não sairá neste sábado, isolando, mais uma vez, as idiossincrasias do PMDB regional.

Outro ponto, entretanto, chama a atenção: A presidente Dilma Roussef declarou ontem que não vai renunciar. Foi o bastante para a oposição vociferar que amanhã (nas manifestações) o Brasil renunciará a Dilma. Uma derrapada emocional da presidente,claro, já que com isto levou para dentro do Palácio do Planalto o tema renúncia. .E não se pronuncia uma palavra sem antes ter-se pensado nela, mesmo que para refutá-la, o que já demonstra pelo menos uma discussão, ainda que interior. Verbalizações são materializações do pensamento. Com isto, evidentemente, a Presidente dá força ao golpe (isto mesmo, golpe!!) engendrado pela oposição de construção diária de uma possível renúncia da Chefe do Executivo o que, lógico, levanta a possibilidade de não terem encontrado, até agora, condições materiais para o seu impeachment legal. E Dilma, pelo menos juridicamente, nas circunstâncias até aqui levantadas, em absoluto, não se enquadra no quadrado de Lula, não está no mesmo quadrado.

Há uma crise na economia? Há. E ela é fundada na crise política, alimentada pela oposição (e também por sua omissão no  Congresso), um direito que lhe assiste nos regimes democráticos. É por isto que o exerce. O mesmo que se concede a quem dela discorda. Mas no presidencialismo não se derruba um presidente por isto. As instituições estão funcionando normalmente (a Operação Lava-jato é uma prova justamente disso). Não estamos no parlamentarismo onde se tira o chefe de governo na hora que se bem entender. No presidencialismo, como dispõe a Constituição Federal, é diferente. O leitor do blog sabe o que penso do PT, do seu centralismo democrático, do stalinismo, da busca pela hegemonia gramsciana, do que penso da sua tentativa de substituir a democracia representativa por uma democracia popular sem mudar a Constituição, da criminalidade e arbitrariedade dos movimentos sociais na sua órbita que se alimentam dele, do seu governo e, em troca, o alimentam. Sabem também o que penso de Lula, do uso que faz dos pobres para sustentar os seus hábitos burgueses que condena de público mas faz uso no particular. Mas não se derruba uma presidente fundado em conjecturas ou posicionamentos ideológicos. Isto é dos regimes arbitrários, seja de esquerda, seja de direita ou de centro.

Cita-se Fernando Collor. Ora, o ex-presidente foi impinchado porque pegaram ele com a boca na botija. As empreiteiras pagando a reforma da Casa da Dinda, quitando despesas pessoais do ex-presidente e da ex-primeira dama, por intermédio do esquema PC Farias,  teve o caso concreto do Elba e depois a Operação Uruguai. Collor na verdade, não foi impinchado, foi afastado pela Câmara dos Deputado e renunciou antes da votação no Senado. Lá havia provas concretas. As sobras de campanha foram depositadas na conta da EPC, empresa de Paulo Cesar Farias (tesoureiro de campanha) que pagava as contas pessoais do ex-primeiro casal, houve uma CPI. Note-se que o STF, anos depois, concluiu pela não condenação do ex-presidente.

E agora? Há o quê de prova material de crimes que tivessem sido cometidos pela presidente Dilma Roussef no exercício da presidência? As contas eleitorais? Ora, elas não haviam sido aprovadas pelo TSE? Mas apareceram problemas depois L.A!! Então que o TSE julgue dentro das regras do estado democrático de direito, ora essa!! E que para o bem da Justiça não cometa os deslizes (que também já apontei aqui) dos juízes e procuradores da Operação Lava-Jato, que usam e abusam das prisões preventivas para forçar delações de acusados, prejudicando a punição dos culpados. Ou é uma ‘beleza” promotor pedir prisão preventiva de ex-presidente (ou de qualquer outra pessoa sem antecedentes criminais e com moradia conhecida) no oferecimento de denúncia?

Mas tem a crise econômica, L.A? OK. Mas ela também não é resultado da omissão da oposição? Do seu Aécio? Do seu FHC? Parece que se esqueceram das bobagens e arbitrariedades de Fernando Henrique cujo único legado foi o Real, elaborado por economistas tucanos (e não por FHC, que era Ministro da Fazenda) colocado em pratica pelo ex-presidente Itamar Franco. Mas para os tucanos e a oposiçáo, o Real é do ex-presidente FHC. Quem aí não se lembra do “O que é bom a gente fatura. O que é ruim, esconde”,pronunciado pelo ministro Rubens Ricupero, que substituiu FHC no seu afastamento do ministério para a campanha, nos estúdios da Globo?

É óbvio que as contas eleitorais de Dilma Roussef tem que ser investigadas, assim como o enriquecimento do ex-presidente Lula. Só que até aqui as duas situações não se cruzam. Não há comprovação de enriquecimento de Dilma ou mesmo de crimes de que pudesse ser acusada materialmente. Sobra, então, a questão política. E por ela não se afasta uma presidente da República, eleita democraticamente pelo voto.Sem julgamento da Justiça Eleitoral?

De resto, manifestações de rua, ainda que democráticas, não tem o poder de mudar a Constituição Federal. Unanimidades são burras. Jesus Cristo foi crucificado e até Hitler teve massas nas ruas na Alemanha. A seu favor, claro.

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