O presidente do Banco da Amazônia, Valmir Rossi, está hoje em Palmas. Deu entrevistas ao Bom Dia da TV Anhanguera/Globo  e,  nesta manhã, discorre sobre linhas de crédito e programas de cooperação da instituição. É  uma ação que se deve incentivar. O problema é que apenas boas intenções não vão modificar o perfil do Banco da Amazônia que, como se nota, foi criado para a Amazônia e,  no entanto, tem sua maioria de investimentos centrados em São Paulo.

O Basa é um banco público (96% é da União) o que faz pressupor que praticasse taxas sociais. Mas, ao contrário, o banco, no atual governo,  tem operado como se fora um banco comercial. Como se o governo tivesse como finalidade o lucro. Para se ter uma idéia disso, de um patrimônio líquido de R$ 17 bilhões (2012), o equivalente a R$ 14,9 bilhões( 88,3%) são recursos constitucionais. E deste montante, R$ 11,9 bilhões são do Fundo Constitucional do Norte (FNO), dinheiro destinado para aplicações na região Norte do país, aí incluído o Tocantins. Apenas R$ 2 bilhões são de suas próprias operações comerciais.

Mesmo com essa carteira aí de recursos públicos, o Basa os aplica a taxas entre 5% e 7,23%, superiores às praticadas no próprio mercado. Somada a  correção da inflação, é o bicho!! E de onde vem essa grana do Basa? Ora o dinheiro que forma o FNO vem da arrecadação do IPI e do IR. Os fundos constitucionais (aí incluso o FNO) foram criados pelo artigo 129 da CF de 88. Para todos os fundos, a CF determina a destinação de 3% da arrecadação daqueles impostos. Ou seja, o Basa administra 20% deste bolo.

Como se nota, o dinheiro que era para investimentos que geram emprego e renda está sendo aplicado a juros de mercado. Daí o Basa apresentar um lucro líquido de R$ 808 milhões em 2012 e um resultado líquido de R$ 165,9 milhões no mesmo período, crescimento de 111% em relação a 2011. Como se nota, o Basa tem usado dos recursos constitucionais (dos impostos) para fazer caixa e dar lucro.

Como o poder público não tem como fim a atividade lucrativa, o desempenho contribui para o enriquecimento daqueles 4% que detém participação acionária no banco, à custa dos impostos e dos juros cobrados sobre o setor produtivo que contribui (com os seus impostos) para a formação do fundo. Na verdade, a prioridade do lucro no Basa não é a única inconsistência. É claro que deve ter lucro, mas em cima de sua carteira de clientes comerciais. E não institucionais. Em 2009, por exemplo, ao contrário do que orienta o FNO, o banco concentrou 53,5% dos recursos contratados em empreendimentos de grande porte. Liberação de empréstimos extrapolando o valor permitido por cliente (2% do patrimônio líquido do Fundo).

 Além disso, os empréstimos para a indústria têm sido duas vezes maiores do que para os financiamentos na área rural. Em 2010, por exemplo, os empréstimos para indústrias de São Paulo superaram todos os financiamentos de Estados do Norte. Vejam bem, para indústrias lá em São Paulo. Em 2010, os financiamentos para a indústria foram da ordem de R$ 1 bilhão e 355 milhões contra R$ 695 milhões destinados à agropecuária, motor da economia da região amazônica. Como é que se empresta, do FNO (Fundo Constitucional do Norte) para empresas lá em São Paulo? Em 2010, empresas paulistas (com sede em São Paulo) tiveram do Basa R$ 440 milhões, contra, por exemplo, R$ 131 milhões emprestados no Acre ou mesmo os R$ 384 milhões do Tocantins.

Dai que o Basa necessita, mesmo, é seguir os seus princípios, atender as finalidades para as quais foi criado e aplicar os recursos públicos que o governo coloca sob sua responsabilidade nas atividades fins, especialmente do FNO,cujos recursos devem ser aplicados, obrigatoriamente, na região Norte do Brasil

Deixe seu comentário:

Dando continuidade às vistorias nas unidades de saúde pública de Palmas, nesta quarta-feira, 19, promotores de Justiça e servidores do Ministério Público do Tocantins, aco...

As unidades do Judiciário de Araguaína estão em fase de mudança para o novo Fórum da cidade, mas algumas já iniciaram suas atividades. A Vara de Violência Doméstica, o Jui...

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, finalizou mais um curso para os funcionários da fazenda Dois Rios em Lagoa da confusão. Dessa vez a instrutora do SENAR Adeuma Bo...