Enquanto a senadora Kátia Abreu se deslocava na aeronave presidencial, a convite da presidente Dilma Roussef, a Marabá (PA) para o lançamento do Edital de Licitação do Pedral do Lourenço, o Palácio Araguaia revolvia dar mais fundo e entrar na campanha antecipada de vez. Na terça-feira fez publicar anúncio na página mais cara do Jornal do Tocantins (a página 3, Política) com o discurso do Governador em Araguaína, onde cobra da presidente Dilma Roussef, a diminuição da tarifa de energia. Uma página dessas aí, conforme publicitários, em espaço determinado, não sai por menos de R$ 25 mil no JTo, único diário do Estado e veículo tido como de credibilidade. E tal a TV Globo: saiu no Jornal do Tocantins, é material indiscutível. Como é lógico racionar, quis o governo transformar o discurso político em documento oficial. Ainda que negasse o próprio compromisso siqueirista de diminuir a conta na campanha de 2010. Como jogou essa conta naquele ano ao ex-governador Carlos Gaguim, tenta, agora, colocá-la no colo do governo federal.
Hoje, no Tocantins se paga a terceira maior tarifa de energia do país da mesma forma que o governo do Tocantins cobra um dos maiores ICMS da conta que se tem conhecimento na Federação: 25%. Esses 25% aí se tornam 33% porque o governo considera o valor da conta como 75% do valor líquido da energia consumida. No Estado, o ICMS sobre a energia é mais de 10% de toda a arrecadação tributária. Matemática simples: não fosse o populismo, o governo poderia diminuir em um quarto a conta do consumidor. Mas ele não pode!!!
Pior, no Estado, no ano passado o governo fez
mesmo foi elevar a tarifa da energia rural, com cobrança retroativa a
fevereiro, gerando um impacto de 52,51% na tarifa da energia na zona rural. Ao
contrário do que prometeu lá em 2010, como se sabe, o governo necessita da
grana do imposto, arrecadação compulsória porque ninguém vive sem energia
elétrica. Hoje, no Tocantins, se paga só
de impostos (federal,estadual e municipal) 56,49% na conta de energia.
Pois é, mas nesta sexta, o governo recrudesceu e faz divulgar a informação de que a presidente Dilma Roussef atendeu Siqueira.
No final de semana, a mesma rede de
apoio ao governo desacreditava a participação de Dilma na entrega de
casas em Araguaína, dizendo-se não prestigiada. E ontem, o governo emitia nota
de que o edital de licitação do Pedral
de Lourenço, lá em Marabá (PA) era o atendimento de uma reivindicação de
Siqueira Campos!!!!
Vamos por partes, tal Elize Matsunaga. Um dos grandes (senão o maior) entrave à hidrovia do Tocantins é a construção de eclusas. Pois bem: todas (eu disse, todas!!!)_ as
hidrelétricas construídas no rio Tocantins, ou foram iniciadas ou planejadas na
administração de Siqueira Campos. Onde estão as eclusas essenciais à sua
navegação???? Lajeado,
Peixe-Angical, São Salvador e Estreito padecem do mesmo entrave. A única que
tem um projeto é Lajeado (orçada inicialmente em R$ 624 milhões mas já próximo de R$ 1 bilhão). Apesar dos
recursos liberados, como está a obra?
Como se nota, é forçoso raciocinar, o governo tenta, no
consciente da população, implantar a tese de que tem influência no governo
Dilma Roussef em oposição à notória proximidade da Presidente com a senadora
Kátia Abreu que tem levantado o problema de logística do país como fator que diminui a competitividade dos produtos brasileiros. Parecer querer a administração mostrar um contraponto à parlamentar
que , na verdade, trabalha no projeto do Pedral de Lourenço, desde 2007, quando
Siqueira sequer tinha mandato, em função da logística para os produtores
nacionais (aí incluídos os tocantinenses) da obra, como dirigente de uma
entidade que congrega 5 milhões de produtores e três mil sindicatos de norte a
sul. A Presidente, como já informaram os jornais de circulação nacional, até
mesmo trataria a hidrovia do rio
Tocantins como a Hidrovia da Kátia.
Lá no início do ano, a pedido de Kátia Abreu, como é
público, Dilma Roussef determinou ao presidente da EPL, Bernardo Figueiredo, o
sobrevoo do rio Tocantins. Siqueira pegou carona no assunto, até porque é
tucano e Dilma petista têm projetos antagônicos. Siqueira era aliado dos militares que torturaram Dilma,
como registra a história. O governo vê na Senadora, assim, ainda que esta não
tenha declarado disposição em disputar o Palácio Araguaia, o seu maior adversário na sucessão, não sem
razão, já que Kátia Abreu foi o fator decisivo tanto na derrota siqueirista
(2006) como na vitória de Siqueira em 2010. Uma terceira vitória da Senadora
demonstraria que seria a parlamentar fator determinante para êxito ou derrota do siqueirismo.
Conclusão óbvia: o siqueirismo dependeria de Kátia Abreu para sobreviver. E aí
se perde porque governo foi eleito para governar. E nesta questão, como parece
resistir o noticiário do dia-a-dia, a administração se mostra com problemas
sérios de gestão. Aliás, como estão as obras dos Hospitais de Araguaína, Porto Nacional e Gurupi. Em Porto Nacional, por exemplo, a população aguarda com ansiedade a abertura das propostas da licitação da nova ponte sobre o rio Tocantins. Mesmo sabendo que o governo não orçamento financeiro nem contábil para a obra, tampouco exista emenda federal empenhada para o projeto.