O deputado José Augusto Pugliese é o novo relator das contas (2009/2010) dos ex-governadores Marcelo Miranda e Carlos Gaguim,  em apreciação na Assembléia.  Zé Augusto é do PMDB, mesmo partido dos dois em julgamento. Zé há pouco mais de um mês abriu suas baterias contra o governo, vocalizando uma  oposição a “tudo que está aí”. Marcelo e Gaguim  são, política e eleitoralmente,  os maiores adversários do Palácio Araguaia,  que tem maioria absoluta dos votos dos parlamentares  para definir a pauta e, inclusive, quem relata o quê. Acreditar no contrário, seria imaginar um governo a mercê de suscetibilidades políticas e dos humores do parlamento.

Esse negócio de dizer que governo não influencia em parlamentar é conversa para boi dormir. A própria tal governabilidade impõe aos governantes esse diálogo com os outros poderes. O problema é o mau uso do instrumento. Dias atrás, o deputado Sargento Aragão disse que iria pedir uma CPI para investigar contratos na Secretaria de Educação, denunciados pelo portal da jornalista Roberta Tum,  mas que seria difícil sua aprovação porque apenas três parlamentares seriam realmente oposicionistas.

Uma lógica cartesiana  indicaria que, pelo referencial do governo,  o Zé não seria a melhor opção, portanto, para o cargo, por razões óbvias. Daí que, se assim quisesse,  o impediria  de relatar um processo que pode colocar (ou retirar) mais uma barreira nos adversários do Palácio a pouco mais de um ano das eleições.  

Como o Zé foi o escolhido, isto aconteceu porque o governo assim o quis, não resta a menor dúvida. Estariam os governistas confiando no Zé fundados em  que referencial ? Por que motivos arriscariam a oportunidade de criar mais uma dificuldade aos dois ex-governadores? O que a oposição lhes daria em troca por tanta benevolência e camaradagem?

Agora, o contrário: um  relatório do Zé peemedebista espinafrando Marcelo e Carlos Gaguim teria o mesmo valor político que um outro apresentado por um deputado governista? De outro modo: um relatório de um peemedebista absolvendo dois ex-governadores peemedebistas seria mais fácil ou mais difícil de ter sua rejeição certa absorvida pela população, reforçando uma espécie de isenção dos parlamentares e um distanciamento dos tucanos, que são governo, da questão?


O Zé pega tal relatório no exato momento em que a direção nacional do PMDB impõe  uma intervenção branca no partido. Decisão que atinge diretamente o segmento peemedebista aliado do Palácio. Junior Coimbra, a prevalecer aquele acerto, teria 70% dos votos dos convencionais. Os mirandistas sentiram o problema e roeram a corda. Com a manutenção do calendário pela executiva nacional, pelos motivos alegados,  o PMDB oposição ganha tempo para se reorganizar e enfrentar o PMDB governista. 

Aliás, em 2012, o PMDB  fez coligações com partidos do governo em 98 municípios. Em seis deles diretamente com o PSDB. Apesar de ter sido derrotado dois anos antes  pelos tucanos por  parcos 7.161 votos (na majoritária) e ter feito mais votos de legenda para deputado federal (417.964 contra 310.088 dos tucanos).

Assim, que situação seria melhor para os tucanos que um peemedebista sendo o algoz dos maiores líderes do seu principal adversário, o PMDB? Melhor que isso, só os parlamentares rejeitando um relatório favorável aos dois ex-governadores, por motivos mais que óbvios, de justa suspeição. Algo perfeitamente previsível e que precederia a própria escolha do Zé,  a sua análise.

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