O governador Siqueira Campos transmitiu ontem o cargo de Governador para o presidente da Assembléia, Sandoval Cardoso. O Chefe do Executivo informa que vai tirar merecidas férias três anos depois de assumir o governo.  É  um direito do Governador que, neste aspecto, se dá melhor que o prefeito de Palmas, Carlos Amastha, que ficou quase dois meses no ano passado em viagens particulares. Dois meses de férias sem completar o período aquisitivo de uma!!

Mas não é o busílis. O ponto fora da tangente é o uso político do cargo público representativo e o quanto isto vai custar financeira e institucionalmente ao Estado, o custo social e político disso numa população onde 136 mil famílias dependem do Bolsa Família e 740  mil pessoas têm renda de até dois mínimos.
 Os dados do IBGE são mais fortes: 11,9% da população do Estado vive na extrema pobreza e 41,28% na pobreza. 

Sem prejuizo do raciocínio já cristalizado de que se a população tenha eleito um e outro governava, agora o mesmo se daria com o vice no que concerne às suas prerrogativas e competências constitucionais. Então ficamos assim: por 20 dias, o contribuinte vai bancar salários e despesas de três governadores com suas respectivas entourages. Um fora do país, outro no Nordeste e um terceiro na Capital!!!! Descendo mais, mais despesas na Assembléia!!! Sem falar nas diárias. Mas tudo bem!!

Para que assumisse o cargo o presidente da Assembléia, deputado Sandoval Cardoso,  principal aliado do ex-secretário Eduardo Siqueira na sucessão do pai, o Executivo mandou o vice-governador João Oliveira para fora do país por 20 dias. Isto mesmo!!!! João Oliveira, o vice,  só não estará de férias também oficialmente porque vai em missão oficial Mas é como se fosse. São cinco pessoas  (vice, três secretários e um assessor) com ônus total para o Estado,”quanto à percepção de subsídios,diárias ou ressarcimento de despesas e passagens aéreas”.

Ora, vices existem para substituir os titulares em suas vacâncias. A priori, se o Governador havia planejado férias, com tudo programado como se exige tanto de um administrador público como de um empregado de empresa privada qualquer, como prevê a legislação trabalhista,  o bom senso determina que planejasse, também, o seu vice assumir, ou estou enganado? A despachá-lo, no mesmo período, para uma missão internacional cuja justificativa oficial expõe a chanchada: “promover as ações preparatórias para o embasamento das relações de amizade entre o Estado do Tocantins e os principais países da Ásia e do Oriente Médio”, como está no Diário Oficial.  

Claro que governos necessitam dessas missões. Apesar de pouco proveito na relação custo/benefício. Mas no caso específico, o uso do cargo e das competências para tentar entabular alianças eleitorais é certamente um ponto fora da curva. Seria o caso de se indagar: essa missão não poderia ser realizada depois dos 20 dias das férias do Governador? Ou de outro modo:por que diabos a duração da missão internacional que mandou para fora do país o vice-governador,  coincide justamente com a quantidade de dias das férias do governador e da interinidade do presidente do Legislativo à frente do Executivo?
 

O governo passou até mesmo recibo da lambança seguindo seus próprios métodos. Para não abrir mão do diversionismo praticado pelo Palácio e desviar o assunto, não faltou na transmissão de cargo uma declaração bombástica: informa-se nos portais e nos jornais deste domingo que Siqueira Campos  mandou recado sobre BRT e VLT criticando o prefeito Carlos Amastha.  Pronto, ninguém vai dar pelota para os 20 dias de férias do Governador, tampouco por ter defenestrado o vice do país no mesmo período, numa coincidência fenomenal para o aliado de Eduardo Siqueira Campos assumir o governo. Seria melhor, assim, que tanto o vice como o governador assumisse férias ao mesmo tempo. E  aí, Sandoval assumiria  legitimamente o cargo.

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