O jornalista Bernardo Mello Franco, colunista da Folha de São Paulo, cunhou no seu artigo desta sexta um conceito realista: o MDB virou Arena.
A Arena é que na ditadura militar expulsava (quando não mandava prender) os críticos ao governo dos generais de que era o braço no Congresso.
Muita gente encheu as burras de dinheiro no “milagre econômico” e nas obras que os militares diziam integrariam o país. O integrar para não entregar.
O partido (PMDB) expulsou ontem a senadora Kátia Abreu seguindo os mesmíssimos princípios: críticas ao governo e à roubalheira que os emedebistas, lá nos governos militares, imputavam ser cometida pelos generais e asseclas, com o apoio da Arena, sob o manto da ditadura.
Era uma época em que o autêntico poeta Derval de Paiva, presidente regional do velho PMDB e Siqueira Campos estavam em lados opostos quanto às liberdades democráticas.
De forma que, legalmente, no mês de dezembro o PMDB volta a ser MDB. Está prevista a mudança. No nome. Agora, deduz-se, dentro de uma nova forma de posicionamento do partido, como declarou ontem o presidente da sigla, Romero Jucá, para ilustrar a expulsão de Kátia Abreu.
Aliás, faz coro ao discurso do peemedebista Marcelo Miranda, ovacionado pelos autênticos, dias atrás, em encontro do PMDB na cidade de Araguaína, de que o partido no Tocantins estaria fazendo a boa política contra a nova política (sic).
Ou seja: a política teria, pela semântica, que ser velha para ser boa. De outro modo, não haveria uma nova política boa. Essa velha política seria, pelo que se conclui agora com a expulsão de Kátia Abreu por críticas ao governo do partido e à roubalheira, a política da Arena.
Mello Franco está certo: o PMDB virou Arena. E quer que se entenda voltará a ser MDB guiado por tais premissas e princípios.
