Os deputados estão aí com o seu cadáver insepulto: a indecência do auxilio moradia. Uns tentam encobrir o odor com argumentos risíveis. Outros, o afastam com a falácia populista (e eleitoreira) de que o aprovaram, mas não o aceitam. Ambos vão sangrar ainda por muito tempo. E só.  E por que? Os tais movimentos sociais e formadores de opinião não se importam com isso. Alguns são por eles próprios financiados ou com eles comungam os mesmos princípios partidários e, por isso, mantém  um silêncio ensurdecedor, alheios aos poucos espasmos nas redes sociais. Onde estariam os petistas progressistas e os acadêmicos? E o pessoal do PSOL? E o tal Rede?E os cientistas professores da UFT? Desapareceram. 

A situação demonstra claramente o que importa a esses segmentos que se dizem a terceira via, o denominado terceiro setor.  O governo, claro, não vai se meter. Tem na ponta da língua o argumento da interdependência de poderes. E em ano que antecede eleições, nem pensar. O MP também, é provável, não se meterá tendo em vista a possibilidade jurídica da decisão, mesmo 13 deputados (54%) sendo flagrados com casa própria na Capital e ainda que não se conheça que tal despesa estivesse prevista no orçamento. Se estava, a situação foi de “causo pensado” e os parlamentares projetaram um ano antes o que gastariam com aluguel doze meses depois. E ficaram na moita aguardando o guarda apitar. Como não apitou, a população terá que buscar o Papa Francisco. 

A  imoralidade é flagrante. Se um deputado que tem um orçamento mensal de R$ 94  mil (R$ 20 mil só de salário), com residência própria, pode ter auxilio moradia, por que não os servidores (também funcionários públicos) que ganham, por exemplo,  o salário  mínimo e não têm casa, não poderiam obter o mesmo benefício?

Ora, o déficit habitacional no Tocantins  - onde 42,8% dos domicílios têm renda de até meio salário mínimo - é de 91 mil moradias. Qual a necessidade, assim, de um deputado ganha R$ 20 mil (salário) mais R$ 74 mil de verba de representação e tais, ser diferenciado. Muito pelo contrário: se podem pagar o aluguel com seu próprio salário, que justificativa moral teriam para meter a mão no bolso do contribuinte com mais benesses não dispensadas à plebe?.  Qual seria, por aí, a régua de suas excelências para tamanha discrepância? 

Seria hilário não fosse trágico para um Estado onde 133 mil e 133 famílias (dados de março da Caixa) não dependessem da renda do Bolsa Familia do governo federal (R$ 70,00) nos 139 municípios. Ou seja, 532 mil  pessoas estão sobrevivendo com uma renda familiar de R$ 70,00, o que significa (numa família de quatro pessoas/índice IBGE)) uma ração de R$ 17,00 para cada cidadão viver durante 30 dias, bancando com isto comida, remédio, moradia, transporte, água, energia.....

De outro modo, com a grana a que se concederam como auxílio aluguel (mesmo tendo residência própria na Capital e com o salário/verbas que recebem), no valor de R$ 3.429,50, os deputados poderiam, individualmente, com a ajuda de aluguel que não precisam, distribuir 48 Bolsas Família/mês no Estado. Levando-se em conta que são 24 parlamentares, como total a ser desembolsado pelos cofres públicos a suas excelências, poder-se-ia bancar 1.158 Bolsas Família/mês, beneficiando cerca de 4.700 pessoas a cada 30 dias. Ou ainda, entregando uma ração do Bolsa Família a cerca de 57 mil pessoas no ano. Pois é, com tudo isso aí, um deputado disse hoje na Bom Dia Tocantins/TV Anhanguera, que sua mansão na cidade é para receber correligionários. Outro não teve pejo para justificar-se: o auxilio aluguel combate a corrupção. Me tire o tubo, por favor!!!

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