Com o tema A Judicialização da Saúde: impactos, riscos e consequências, ocorreu durante o 1º Congresso Saúde Integrada do Tocantins, um Fórum Especial, onde foram debatidas as opiniões dos órgãos de controle e das equipes jurídicas, que formam a área da saúde, sobre a ações judiciais e a relação da Secretaria de Estado da Saúde, com o judiciário. O objetivo do evento - que segundo o secretário de Estado da Saúde, Marcos Musafir, “é uma semente para um diálogo constante” - é fortalecer o atendimento coletivo da população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Participaram do Fórum, além da Secretaria, o Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, Ministério Público Estadual do Tocantins, Ministério Público Estadual do Goiás, Defensoria Pública do Tocantins, Ordem dos Advogados do Brasil, e Procuradoria Geral do Estado.

 

Para o sub-secretário de saúde, Marcus Senna Calumby, que foi moderador do evento, o assunto é muito importante. “As opiniões dos órgãos de controle é imprescindível e esta é uma oportunidade de, em uma mesa, ouvirmos os dois lados, o Ministério Público e Defensoria, a justiça e a área da saúde, para ver como podemos melhorar essa relação com o judiciário, os quais respeitamos e têm nos ajudado” informou, acrescentando que “durante o Fórum é possível deixar claro que existem medicamentos que é de obrigação do município, ou algumas vezes da união, e não do Estado e em alguns casos a judicialização ignora estas atribuições e acaba forçando um dos órgãos a arcar com algo que não é seu e acaba sobrecarregando um só”.

 

Segundo o defensor público Arthur Luiz de Pádua Marquês, “estamos trazendo algumas dificuldades que a gente ve que a gestão tem e que termina por inviabilizar o acesso aos serviços de saúde, notadamente à população carente, que no Tocantins é 90% usuária do SUS. Tem uma série de medidas que o Estado poderia tomar e que por não fazer, falta medicamentos. Pensamos que isso é falta de planejamento na compra e sabemos que isso é resultado do fato da saúde não ter gestão plena do orçamento, que ao invés de ser repassado todo para a saúde, fica na mão da fazenda, o que não é certo e é um dos grandes gargalos no Tocantins”, destacou.

 

A juíza da Fazenda Pública da Comarca de Araguaína e coordenadora do Comitê Estadual de Saúde do Estado do Tocantins, pelo Conselho Nacional de Justiça, Milene de Carvalho Henrique, enfatizou que “umas das coisas mais importantes é o diálogo entre o judiciário e as pessoas que trabalham diretamente com a população, como médicos, enfermeiros e toda classe assistencial da saúde, pois não basta o direito constitucional atribuir e dar uma ordem, ela tem que ser efetivada. Para que haja esta efetivação, o juiz tem que conhecer a gestão e a gestão tem que conhecer os trâmites judiciais, para que as ações sejam exceções e se tornem uma maneira de efetivar políticas públicas de forma coletiva e não individualizada, como tem sido recorrente no Tocantins”, disse.

 

Presente no Fórum, a procuradora do Estado, Draene Pereira de Araújo reforçou que o debate otimiza os investimentos dos recursos públicos. ‘É o dinheiro público que está em jogo e ele precisa ser bem investido, de forma coletiva, para que seja evitado o desabastecimento. Algumas demandas são pensadas apenas em um paciente, muitas vezes com medicamentos de marca, sem observar os padronizados no SUS e isso causa prejuízo ao erário”.

 

A promotora de justiça, Maria Roseli Almeida Pery, reforçou que “este é um assunto relevante, a judicialização é um tema atual que precisa ser discutido, pois para os gestores é um problema, mas é uma solução para os usuários. O Ministério Público, como parte da tutela individual dessa demanda reprimida, atua na implementação das políticas públicas de saúde”.

 

Segundo o presidente da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil, no Tocantins (OAB – TO), Pabllo Vinicius Felix, “hoje há que se fortalecer a defesa do SUS e sabemos que a maioria dos erros acontecem quando se tenta acertar. Em todos os casos a OAB entende que não há dolo ou má fé da gestão, mas é preciso esta parceria e diálogo entre as órgãos e instituições”, afirmou.

O superintendente de assuntos jurídicos da Secretaria de Estado da Saúde, Franklin Santos, ressaltou que o debate sobre a judicialização vai ser oportuno. “A mesa vai ser importante justamente para ter essa troca de experiência de quem faz a solicitação do tratamento e de quem tem a responsabilidade de decidir se vai ou não deferir o tratamento para o paciente. Com todos os atores presentes é mais fácil achar uma solução e assim tentar reduzir o número de casos de judicialização, que gera muitas despesas para o Estado, que quando tem que comprar um certo medicamento ou serviço para atender um mandado judicial, paga um preço muito acima do que pagaria, se comprasse com licitação”, concluiu.

Deixe seu comentário:

Dando continuidade às vistorias nas unidades de saúde pública de Palmas, nesta quarta-feira, 19, promotores de Justiça e servidores do Ministério Público do Tocantins, aco...

As unidades do Judiciário de Araguaína estão em fase de mudança para o novo Fórum da cidade, mas algumas já iniciaram suas atividades. A Vara de Violência Doméstica, o Jui...

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, finalizou mais um curso para os funcionários da fazenda Dois Rios em Lagoa da confusão. Dessa vez a instrutora do SENAR Adeuma Bo...