Há muito não se via um populismo tão irresponsável como explicitado pelo prefeito Carlos Amastha nas redes sociais nesta manhã, a poucas horas do julgamento do reajuste do IPTU pelos desembargadores do Estado.
Um prefeito de uma Capital sugerir que a Ordem dos Advogados do Brasil esteja a serviço de especuladores quando exerce, em nome da população, um direito de buscar a justiça por benefício coletivo contra um reajuste de imposto considerado abusivo é daquelas verborragias inomináveis.
E mais: jogá-la contra a população com a excrescência argumentativa de que mães que dependem de creches deveriam ir ao Tribunal para contrapor-se aos advogados, não é,certamente, conduta que poder-se-ia ter como de boa fé ou mais adequada de um administrador público posto reveladora de intenções de confronto ilegal e ilegítimo.
E até mesmo irracional. A ação protocolada pela OAB combate justamente o modo especulativo e rentista do reajuste do IPTU acima da correção monetária oficial e condicionante, para efeito de Lei de Responsabilidade Fiscal, da renúncia de todos os impostos municipais a empresários de programa de construção de moradias. O contribuinte financiando o empresário quando se tem no polo ativo da especulação e doação (distribuição de renda invertida) a Prefeitura e não a Ordem.
As diatribes irresponsavelmente até criminosas (incentivo à baderna) são publicitadas pelo próprio punho de Carlos Amastha. O mesmo que, nas atuais circunstâncias político-eleitorais, diz-se pré-candidato ao governo no que, é forçoso reconhecer, estaria convidando a população a dar-lhe representação para desenvolver idêntico desempenho em nível estadual.
Agora, justiça lhe seja feita: o Amastha de hoje, pré-candidato ao governo e prefeito da Capital em segundo mandato, é o mesmo de 2012. Parece ser de sua personalidade egocêntrica tratar a coisa pública e os princípios do estado democrático de direito como um grande shopping onde ele mesmo faria suas regras. A reação da população nas rede sociais, nesta manhã, apontando, em contrapartida à acusação à OAB, o dedo para os escândalos de sua administração estão a gritar que não é.
Amastha pode, na verdade, já ter desistido da disputa ao governo e querendo, agora, aplicar uma espécie de castigo ao eleitor e contribuinte na anarquia que está a impulsionar diariamente, deixando de lado a responsabilidade que lhe foi entregue pela população que não prescinde do respeito às liberdades e ao estado de direito.