A despeito da proposta do MDB e PR na semana passada (uma chapa suprapartidária, ou seja, acima dos interesses/ideologias, sem submissão ao interesse particular de nenhum deles) constituir-se numa antinomia dadas as pré-candidaturas de ambos os partidos, a decisão não pode ser subestimada.
Apesar das dificuldades do governo, Marcelo Miranda não pode ser considerado fora da disputa como muitos apregoam. Se ele pagar servidores, fornecedores e diminuir o déficit fiscal provocará, certamente, no eleitorado a dúvida se, do ponto de vista administrativo e político, seria melhor ficar com o que já se conhece ou apostar no desconhecido.
O MDB, conforme as estatísticas, é detentor de 30% do eleitorado no Estado. Significa que a divisão da oposição o favoreceria na mesma medida que, é possível deduzir, o prejudicaria também.
Explico: a divisão pode provocar segundo turno das eleições com a não ocorrência de candidatos que obtenham 50% dos votos, mais um. Daí a conversa com o PR. Essa possibilidade pode levar para o outro lado, adversários sem afinidade com o Palácio como Carlos Amastha, Kátia Abreu e Paulo Mourão. Todos contra Marcelo e o PR.
Os números do governo parecem demonstrar que Marcelo, depois de três anos, pensa em ajuste fiscal. Seja por força do balanço do governo que terá que fazer obrigatoriamente no final de 2018, seja por motivos eleitorais mesmo.
Aliás, método recorrente de governadores que passam três anos oscilando para no ano eleitoral decidir mostrar trabalho: apostando na falta de memória do eleitor tanto para lembrar-se daquilo que fez em 36 meses como por lembrar mesmo só das ações mais recentes. Uma escolha pragmática, agarrada menos à necessidade da população que a um projeto eleitoral.
No Estado, entretanto, há dúvidas: os dois últimos governadores perderam a reeleição no exercício do mandato de governador. Tanto Carlos Gaguim como Sandoval Cardoso perderam para Siqueira Campos e Marcelo Miranda, ainda que tivessem duas dezenas de partidos e o orçamento do governo sob sua guarda.
De outro modo: não é só a administração. Mas também o jeito de "apalpar". E nisto, não é segredo, Marcelo se destaca, mesmo que esteja à frente de um dos piores governos do Estado. Pode mudar? Pode. Mas não é fácil.