Você que é hoje tocantinense. Indago: Daqui a poucos dias (18 de março) diz-se da autonomia. Onde? Pergunta-se: seria melhor que ganhasse as eleições em 1.990,   Moisés  Avelino ou Moisés Abrão. Qual dos dois Moisés seria o redentor? Trocando: o PMDB e todas as suas circunstâncias, que sempre se revelaram (desde João Querido, Mãe Tia, Osterno, Zé Freire, Brito) quem hoje os conheceria?) PSD, MDB...Hoje mera representação e é disso que se trata. Moisés Avelino ou Moisés Abrão, oriundo de historia udenista? É como se fôssemos contemporâneos do presente -  esse presente com o qual lidamos- sem sermos seus contemporâneos históricos.

O Avelino, de 90, seria melhor para o Estado que o outro, o Abrão? Qual deles poderia representar-se oponente (ainda que na partilha política) a Siqueira e a tudo que ele simbolizasse? Por que motivos Siqueira teria, se o contrariasse nos seus projetos interiores, tal decisão, optado pelo que o afirmava ainda que o negasse na possibilidade real de subtarir-lhe patrimônio eleitoral e ideológico?. Sim, porque Moisés Abrão, rico, de família tradicional goiana (éramos goianos, lembram-se?) era goiano natural como Siqueira o era por opção (de naturalidade cearense). Ainda que este morasse em Brasília com família no Rio de Janeiro. Abrão em Goiânia (Go) com ramificações por aqui (Soalgo).  Mais tocantinense que Siqueira, portanto.

Discutimos hoje o que hoje está estabelecido. Talvez se fosse vencedor (como é provável contra isso se insurgisse Siqueira) o outro Moisés, o Abrão, a situação pudesse ser outra, mais focada,pelo moenos do ponto de vista mais racional, mesmo que se pudesse materializar as abstrações que sempre se faz de políticos com o seu perfil. Moisés, o Abrão, era mais determinado a questões privadas, empresário, considerado conservador e de reconhecido êxito empresarial. Por certo menos dependente de negociações políticas para manter-se e a seu projeto político sendo, portanto, mais refratário a investidas siqueiristas no seu governo e na sua sucessão. De outro modo: teríamos observado a prevalência do capitalismo (de que Abrão é representante) ao patrimonialismo defendido e propalado com todas as forças por Siqueira. Qual seria mais prejudicial ao Estado? De qual sistema tomaria melhor partido os tocantinenses, nascidos e adotados? Ou o papel assistencialista desempenhado pelo governo do PMDB, de Avelino, e retomado por Marcelo Miranda anos depois? Humano, democrático e trabalhista, lembram-se?

O Avelino, defendido transversalmente por Siqueira (na negligência à campanha de Abrão, do seu mesmo partido e ex-senador), era o inverso: homem honesto avesso a negociações políticas mais amiúde, mais vulnerável, por certo, sob o ponto de vista do pragmatismo político.  Conclusão óbvia: o outro Moisés, o Abrão trilhava a mesma trilha que Siqueira estabeleceu como sua: só que com olhar empresarial. De outro modo: oponente à hegemonia política siqueirista no seu próprio grupo num tempo em que se dizia "quase"  imbatível. Hegeomonia perseguida por Siqueira em todos os seus mandados, seja na Câmara dos Deputados ou no governo do Estado, do qual a última administração (e seus atuais tributários no Legislativo) fazem prova  inconteste.

No campo das possibilidades, com alguma verossimilhança, se eleito Moisés Abrão, Siqueira Campos certamente encontraria maiores dificuldades para retomar o poder em 1.995, direito que considerava fático em 1.990 mas que a legislação não o permitia. Levando-se em conta, a priori, que disputaria duas batalhas: interna (para viabilizar candidatura) e a externa (contra os adversários externos). Contra o PMDB, de Avelino, que já vinha dividido desde as eleições de 1.988, pela lei das probabilidades restaria mais fácil como de fato ocorreu. O PMDB manteve-se dividido (e hoje ainda está) e levou João Cruz (talvez o seu maior líder popular da história recente do Estado) a uma derrota fragorosa da qual nunca mais se recuperou, causando como efeito colateral o retorno siqueirista ao Palácio Araguaia. Moisés Abrão desapareceu e Siqueira se firmou. E com ele, vicejou o patrimonialismo com resultados conhecidos.

Quando observamos hoje o PMDB no governo tentando recuperar a administração – como se fosse uma ”concertação” política –  nota-se, com efeito, mera repetição de um processo histórico, quase cíclico,  sem qualquer demonstração de alternância de projetos, que não a surrada oposição entre PSD e UDN, marcada pela substância política de seus atuais líderes, certamente menos ideológicos (e mais refratários a ideologias partidárias) que seus antepassados. Ambas, entretanto, conservadoras no que resistem a mudar, de forma concreta, o “fazer” político que poderia ser interrompido, talvez, com o outro Moisés, o Abrão, diante da própria intervenção que representaria a participação de um sulista governando nortistas com olhar empresarial já naquela época de criação do Estado. Autonomia, onde? Mero calendário.

Deixe seu comentário:

Dando continuidade às vistorias nas unidades de saúde pública de Palmas, nesta quarta-feira, 19, promotores de Justiça e servidores do Ministério Público do Tocantins, aco...

As unidades do Judiciário de Araguaína estão em fase de mudança para o novo Fórum da cidade, mas algumas já iniciaram suas atividades. A Vara de Violência Doméstica, o Jui...

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, finalizou mais um curso para os funcionários da fazenda Dois Rios em Lagoa da confusão. Dessa vez a instrutora do SENAR Adeuma Bo...