A desproporcionalidade da reação de Marcelo Miranda e Ataídes de Oliveira à simples especulação de O Estadão sobre uma possível aliança em 2018 revela amor intenso ou desmensurado ódio. Como sou pragmático, fico com o primeiro.
Afinal, não afetasse algo, por que motivos teria o Palácio, na revelação de O Estadão, reação diversa (o próprio Marcelo Miranda teria feito circular notas a portais) da empregada em outras especulações propagadas no Estado como por exemplo conversas com Carlos Amastha, Vicentinho Alves, Mauro Carlesse ou mesmo aquela mal engendrada negociação (depois negada) para trazer de volta o suplente de deputado federal Junior Coimbra.
Os fatos concorrem para o contrário daquilo a que se opõem (publicamente) e o negam Marcelo e Ataídes. PMDB e PSDB são aliados na alegria e na dor, na saúde e na doença. Estão juntos com Michel Temer e tudo que isto significa. O PSDB surgiu de uma dissidência do PMDB. No Estado, juntos reúnem cerca de 50 prefeitos (36% dos municípios). Marcelo já governou o Estado pelo PSDB (2003).
O grupo tucano inflou com a filiação de Laurez Moreira (prefeito do terceiro maior colégio eleitoral do Estado) cuja vice é mãe da deputada federal Josi Nunes, do PMDB. São parceiros históricos, apesar dos atritos recentes.
Seria, do ponto de vista da praticidade eleitoral, ademais, mais producente Laurez apoiar Marcelo/Ataídes (com a força da máquina) que a senadora Kátia Abreu que ainda não tem partido para disputar as eleições. E Laurez, não se pode negar, sempre foi pragmático podendo ser a liga entre Ataídes/Marcelo, cavando, por consequência, um novo mandato. Está aí a saída do PSB em função do seu projeto político. Ataídes busca substância para seu projeto. Busca um grupo.
Pode ser que não aconteça nada. Mas a reação foi despropositada. Ainda mais com os argumentos utilizados, como as declarações atribuídas a ambos e que não afastam nem refutam, em absoluto, a proposição colocada pelo Estadão.
Marcelo: ”Esta afirmação deve ter partido de pessoas desinformadas sobre o processo político no Tocantins, ou com a clara intenção de prejudicar uma discussão que passa, necessariamente, pelas instâncias partidárias em contraponto a qualquer interesse individual”, disse o governador.”
Ataídes:”as informações não procedem” e no momento seu foco é “levar recursos para os municípios”.
Como se a necessidade da discussão passar por instâncias partidárias (uma piada) acima de interesses individuais (outra anedota) e levar recursos para os municípios obstruíssem (mais uma do papagaio) conversas sobre composição de chapas.
Estão aí as campanhas nas ruas. O próprio PMDB já lançou Marcelo ao governo e ele não reagiu à decisão daquela reunião lá em Gurupi. Onde Laurez é prefeito.
O mesmo Marcelo que sem importar-se com o texto que fez publicar informa existirem discussões, na medida em que ressalta (como você lê aí acima) que a intenção do Estadão seria a de prejudicar uma discussão que passaria pelo partido. A indagação é como iria prejudicar uma discussão que ainda não existiria!!! Conclusão óbvia: a discussão existe mas teria que passar pela instância partidária. Piada de salão, conhecendo-se o comando PMDB no Estado.