O ex-governador Marcelo Miranda dá sinais de querer sair da inércia. É o que pode se avaliar do encontro do último final de semana para receber a senadora Kátia Abreu, com a presença de líderes do partido em praticamente todos os municípios do Estado e discursos inflamados de Moisés Avelino, Derval de Paiva, Osvaldo Reis, Kátia Abreu e do próprio Marcelo. Os peemedebistas devem ter concluído que a pior opção seria ficar parado à espera da Justiça Eleitoral, adiando até quando pudesse, a exposição do seu melhor nome para o governo, numa ação  defensiva, diante da possibilidade de um recrudescimento do Palácio Araguaia sobre as  instituições  no sentido de inviabilizá-lo. Como se os governistas não o fizessem de uma forma ou de outra. 

Por  outro lado, na Praça dos Girassóis, administra-se prejuízo. Os desgastes da administração paralisam a base política do governo. Todo mundo aguardando um direcionamento do Palácio,  o que os coloca sem argumentos, afinal vão defender quem e o quê? Não resta dúvida de que o grupo vê com simpatia Sandoval Cardoso que, curioso, é dado como um bom nome e tratado como talhado para o cargo,  apenas porque cumpriu, sem qualquer alteração, a agenda de Siqueira no seu recesso. Isto, por si só, já seria suficiente para colocá-lo como grande administrador e uma carta-surpresa do Palácio.

É quando se torna mais nítido o perfil conservador do Palácio, fundado mais na cooptação que na coalizão. E aí um problema. Se neste último tem-se como princípio basilar a cooperação voluntária de partidos e aliados no governo, aquele prescinde de qualquer exigência ou princípio, segue a mais valia. A consequência são acordos fluidos, firmados menos em interesses públicos que pessoais e privados. Daí que, do lado governista, espera-se a decisão sobre o candidato que o Palácio parece, diante das circunstâncias, ter dúvida e esta  foi  firmada no consciente coletivo. 

Se nas eleições anteriores, o candidato siqueirista era o próprio Siqueira por seus  méritos,  hoje pode recair no próprio por não ter construído um nome alternativo nos últimos quatro anos, daí necessitar criar, de ultima hora, um nome, como aparenta ser o caso de Sandoval Cardoso. Não por incompetência política, mas por acreditar que o siqueirismo, por si mesmo, seria capaz de perpertuar-se e aos seus métodos e, assim, impor o filho candidato, ainda que fundado em um direito legítimo e permitido pela legislação. As dificuldades que se nota para esse projeto não deixam dúvidas.

A insegurança e impotência diante dos números desfavoráveis das pesquisas, apesar das movimentações palacianas  nos últimos três anos, levam, assim, os governistas a cometerem, também,  deslizes que acoplados aos sérios problemas da administração, formam uma equação com soma negativa ao Palácio. É o caso do anuncio de que teria 129 prefeitos, 20 deputados e 80% dos vereadores e R$ 1,2  bilhão para contratações com prefeituras nos próximos meses. Quando deixou por 36 meses os prefeitos e a população a pão e água.

Convém lembrar o ex-governador Carlos Gaguim dizia em 2010 ter mais de 100 prefeitos ao seu lado, além da máquina administrativa, tal como se permite Siqueira este ano. Com praticamente todos os deputados e prefeitos no palanque, Gaguim obteve 49,48% dos votos contra 50,51% de Siqueira. Uma margem apertada de 7.263 votos. Numa eleição em que 255.885 eleitores (27,2%) não compareceram às urnas, votaram em branco ou anularam seu voto. 

Conclui-se dos números que  já em 2010, a população do Estado não estava mais disposta a seguir seus líderes no apoio ao governo. Como hoje se dá, observando-se aquela pesquisa Ibope/CNI de dezembro do ano passado (a última que se tem notícia), onde 59% dos eleitores pesquisados desaprovam o governo Siqueira Campos. E mais: 58% não confiam no Governo. Somados os números coletados, 72% (há três meses) da população via o governo péssimo/ruim/regular.  O que contraria, certamente, a liderança dos prefeitos e deputados que dizem apoiar a administração e seu candidato. Ou seja, a mudança no comportamento dos eleitores que possibilitou Siqueira ser eleito contra a máquina,  é registrada em números do Ibope e pode influenciar, pelo princípio da inércia, certamente, nas eleições de outubro.

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