O governo segue com sua práxis eleitoreira. Como anunciado no dia 13 de fevereiro por Siqueira Campos, a administração abriu ontem as propostas para a construção da ponte sobre o rio Tocantins em Porto Nacional.  No governo, trata-se a questão de forma sigilosa, não se obtém informações consistentes,  mas conforme se apura nos bastidores, quatro empresas teriam participado. Uma quinta empreiteira teria entrado com recurso para impugnar a licitação, o que teria paralisado o processo. É uma licitação pública de R$ 126 milhões!!!

Não só o município de Porto Nacional, mas o Estado necessita daquela ponte que está parcialmente interditada desde 2011 (apesar da posição do Dnit). Porto é o maior produtor de soja do Tocantins, possui um dos maiores complexos de armazenagem de grãos na margem esquerda do rio. Em Silvanópolis, a apenas 60 km, na margem direita do rio, está a maior unidade de armazenamento de soja e grãos com uso de tecnologia moderna no Estado (investimento de R$ 16 milhões). A maior parte da soja é plantada na margem direita, tem que atravessar a ponte. No próximo ano, entrará em funcionamento na cidade a primeira esmagadora de soja do Estado (Granol), investimento de R$ 300 milhões em curso, na margem direita do rio (às margens da T0-050). Mas do outro lado está a ferrovia Norte-Sul e a BR-153 e a hidrovia ainda não está em operação.

Cito estes dados para demonstrar a importância da obra. E contrapor à seriedade do governo que a licita sem ter recursos para construí-la. A ponte não está no orçamento do governo para 2014 e a explicação da administração de que a construirá com recursos de emendas do senador  Vicente Alves  (R$ 90 milhões) é uma inverdade grosseira e desrespeitosa com a população.  Também não está  contemplada no PAC. Basta acessar o site no Senado Federal (Siga Brasil) e o Portal da Transparência do Governo Federal que  se vê não existir qualquer emenda empenhada do parlamentar para a ponte.  Essa emenda aí de R$ 90 milhões em que se fundamenta a administração  (emenda
de bancada 7128007) é de 2012 e  teve zero de empenho. E portanto, zero de pagamento!!! Foi pra lixeira. Não existe essa grana. Em 2013 também não!!! Este ano Vicentinho colocou R$ 52 milhões para a ponte, mas a emenda não foi empenhada!!! Zero de empenho.  

E a lei ( 4.320) é claríssima neste sentido: não existe despesa sem prévio empenho. E não se pode empenhar se não se fizer a Nota de Dotação.  Aliás, o governo faz uso recorrente do expediente, que o digam os proprietários de imóveis locados pela administração. O governo os contrata,  mas não  determina o bloqueio (ND) do valor dos aluguéis para garantir o pagamento até 31 de dezembro de cada ano. O governo simplesmente ignora a Nota de Dotação Orçamentária ( a ND). E, claro, as obrigações do empenho. Contrata sem garantia dos recursos, ao contrário do que determina a lei. O resultado é que virou rotina a administração prejudicar fornecedores (que só recebem em atraso e com IR calculado sobre o valor total dos atrasados) e pagar multas, algo que qualquer um sabe ser proibido no poder público, com a responsabilização individual do responsável. E não se vê o Tribunal de Contas se movimentar um milímetro na direção de corrigir essa ilegalidade.


É o caso da licitação da obra em Porto Nacional, pelo que é dado. O governo se dispõe a contratar a construção de uma ponte de R$ 126 milhões sem orçamento e sem financeiro. Vai contratar sem recursos empenhados.  Não está no orçamento tampouco o governo tem recursos para tal. Não tem dinheiro nem orçamento!!! Os números são públicos, o orçamento também. É só analisar a execução orçamentária do ano passado e a deste ano. A não ser que exista um orçamento paralelo, uma espécie da caixa dois institucional.

Como o TCE não atua, o governo vai licitar, contratar e empurrar com a barriga a obra e a vontade da população de Porto, com prejuizos incalculáveis, não só institucional, mas à economia da região. Tudo em função das eleições, já que a situação da ponte é conhecida há mais de três anos. É o mesmo que se dá nas licitações de construção e reformas dos hospitais, na aquisição de medicamentos e de pavimentação asfáltica. Com um detalhe: estes, pelo menos, se conhece orçamento e, em alguns casos, garantia de financeiro.

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