Algumas situações nos tocam mais que as outras. A morte na madrugada desta terça, 30, em São Paulo, do procurador de Justiça inativo Eduardo Silva Almeida, é seguramente uma delas.
Um cidadão espetacular, inteligente, bondoso, intelectual que dava ao Ministério Público do Estado no início da década de 90 um equilíbrio em momentos de disputas internas intensas pelo comando do parquet.
Algumas presenciei, ao vivo, como jornalista, que nada diferenciavam de brigas de rua, com xingatórios (até vias de fato) entre procuradores de Justiça. Uma disputa que tinha por trás o PMDB (do então governador Moisés Avelino) e o grupo de procuradores ligados a Siqueira Campos. Ambos achavam-se estar com a Justiça quando pelo método e prática empregados, ela não estava, aparentemente, em nenhum dos dois grupos.
E Eduardo Almeida ali, sereno, um procurador de Justiça, sem envolver-se com as querelas pessoais e que tive o prazer de ter como amigo (assim como preservo a amizade de outros procuradores na PGE). Saimos a noite para conversarmos sobre o dia, como se nada estivesse acontecendo. Transmitia muita paz e serenidade. Via aquele homem mais um filósofo que um químico ou operador do direito. Talvez aí a quimica, a alquimia.
Doutor Eduardo só podia terminar, pelo que era, caindo na literatura. Quando fui o vencedor do Concurso Nacional de Contos Tocantinenses em 2002 (com o conto Dora que até hoje o Governo do Tocantins não me pagou a premiação), era Eduardo Almeida o presidente da Academia Tocantinense de Letras e que coordenou o concurso. Gostava dos meus textos, meu leitor assíduo no Jornal do Tocantins. Eu também gostava muito dele. E sempre o disse.
Uma grande perda. Mas ficou seu legado.