Dias atrás antecipei neste blog que a Hidrelétrica no Rio Sono seria liberada independente das audiências públicas que discutiam o empreendimento. É inquestionável a reprovação da população da região ao negócio tanto quanto suas implicações no meio ambiente, bem ali, na porta do Jalapão, um santuário ecológico.
É obra que vai formar uma barragem entre as cidades de Rio Sono e Novo Acordo. Ou seja, vai detonar um dos poucos cursos de água doce ainda intactos no Estado, um rio de planalto. Tudo isto sem qualquer reação das autoridades políticas e movimentos populares.
Indiferente aos impactos do empreendimento (ou subestimando as alterações que lhes fará) o Naturatins concedeu no último dia 7 de abril a Licença Prévia 1265-2017 para a Hidrelétrica Monte Santo, atestando a viabilidade ambiental da usina no rio Sono que terá uma potência de geração de 47 megawats.
O grupo detentor da concessão para a construção, o grupo baiano (de Salvador) EC Brasil, tem essa licença ambiental até abril de 2020. Não se deu a mínima para a reprovação da população e técnicos ambientais.
Observem a preocupação: a própria empresa que vai construir a hidrelétrica (EC Brasil) é que será responsável por estudos complementares para o pato mergulhão, que devem ser apresentados em 90 dias.
Explico: na região a ser alagada com a usina vivem ainda algumas das 250 unidades de uma espécie de pato (pato-mergulhão) existentes no planeta. E que dependem para sobreviver de rios de águas límpidas, com corredeiras e matas ciliares em bom estado de conservação. Como é o caso da bacia do rio Sono.
Como disse lá atrás: audiências públicas para hidrelétricas são mera formalidade porque o público não é ouvido. As decisões são tomadas antes de sua realização. A Monte Santo é só mais um caso onde a população, até mesmo com sua reprovação, apenas legitima as concessões.
Na verdade quando um grupo econômico pede a licença já cercou de todos os lados com sua expertise financeira. O resto é embromação. A não ser que haja repercussão nacional e internacional, como deveria ocorrer neste caso, um atentado ao meio ambiente ali nas portas do Jalapão e no quintal da Capital do Estado, um dos raros santuários do mundo.