O siqueirismo quer que o leve a sério. E o faz negando a seu criador e formulador o direito de fechar uma narrativa com dignidade. Deveria mirar-se, por exemplo, no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Barak Obama ou até mesmo, por afinidade ideológica, em José Sarney, Jarbas Passarinho e outros que, com alguma grandeza, ainda que fossem criticados por método ortodoxos e heterodoxos discricionários, fecharam seus ciclos deixando o julgamento para a história. Seria o caso de ter seu próprio tempo de reflexão sobre o que fez ou deixou de fazer.

Leio no T1 Notícias (da jornalista Roberta Tum) que Siqueira teria deixado claro que não declinaria de sua candidatura ao Senado. É-lhe um direito avançar e retroceder. Já fez isto  outras vezes no governo e fora dele. A negativa, como resta evidente, entretanto, atenderia ao propósito de não perder ativos políticos antes da convenção e não estourar a boiada já irrequieta com a possibilidade concreta de manipulação de vontades e compaixão.

 As negociações existem e estão praticamente fechadas. Uma vaga na chapa de Mauro Carlesse é do siqueirismo ou de quem ele indicar. O governador retribui o apoio de Siqueira lá atrás e deve querer herdar os votos do siqueirismo. Uma temeridade porque para Siqueira, Eduardo Siqueira sempre será seu herdeiro. Assim como para seus adeptos. E Eduardo administra isto com mão de ferro ainda que de público demonstre leveza democrática. São conhecidas suas movimentações tanto no Senado quanto nos governos de Siqueira Campos.

Siqueira pode até ser candidato, mas como é notório não tem condições físicas para enfrentar campanha eleitoral. Em 2010, há nove anos, já teve dificuldades para ir aos municípios. Administrar o governo, nem se fale. Entregou a administração a Eduardo Siqueira. Por mais que se esforce, suas aparições públicas coordenadas e dirigidas hoje o demonstram de forma cabal. Nada mais natural: tem 90 anos, ao final do mandato de senador (caso eleito), terá 98 anos. Se candidatar-se novamente (reeleição é um direito), ficaria até os 106 anos.

A situação e a impossibilidade lógica dela inferida, permitiria o raciocínio de que outra força o impulsione: o eduardismo (único herdeiro político de Siqueira) estaria procedendo, com efeito, plasmado no próprio ex-governador como de fato a classe política sempre teve consciência que agisse como tal. O eduardismo estaria, agora de público, impondo a sucessão no siqueirismo e, com ela, tentando dar sobrevida ao seu projeto político.

Nem que para tanto mumifique, em vida, o ex-governador, como que embalsamasse o siqueirismo, como o fizeram, após a morte, com Hugo Chaves, Lenin e Mao. Um retrocesso histórico e um atentado à história do líder Siqueira Campos, ainda que o pai Siqueira Campos não abdique do seu sentimento paternal de garantir segurança política ao filho. Coisa que nem Vargas ou o varguismo ousou perpetuar.

Siqueira, para o Estado, é importante que viva bem e com saúde por muitos anos. Para ensinar aos que darão continuidade à sua história (e ao Estado) onde acertar. E, principalmente, como não cometer os erros que cometeu dentre tantos acertos.

 

 

Deixe seu comentário:

Dando continuidade às vistorias nas unidades de saúde pública de Palmas, nesta quarta-feira, 19, promotores de Justiça e servidores do Ministério Público do Tocantins, aco...

As unidades do Judiciário de Araguaína estão em fase de mudança para o novo Fórum da cidade, mas algumas já iniciaram suas atividades. A Vara de Violência Doméstica, o Jui...

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, finalizou mais um curso para os funcionários da fazenda Dois Rios em Lagoa da confusão. Dessa vez a instrutora do SENAR Adeuma Bo...