Pelo que informam nos bastidores auxiliares do governo, a administração deve se ocupar nos próximos dias (a partir desta segunda) a demonstrar aos servidores públicos a verdadeira situação das contas estaduais. A finalidade é tentar evitar as greves já anunciadas que, num efeito dominó, podem levar à paralisação  de  outras categorias. Ou seja: o caos do caos. Para piorar, no Jornal do Tocantins deste domingo os auditores da Secretaria da Fazenda anunciam também que podem paralisar, seguindo os policiais civis, com desdobramentos na arrecadação e aumentando o grau de dificuldade do governo para pagar os salários reivindicados. Ou seja, o cachorro mordendo o próprio rabo.

É uma medida que chega com quase dois meses de atraso. O governo teve acesso aos dados da administração antes de tomar posse. Intui-se, portanto, que poderia, já no início, mostrar à população (e ao funcionalismo), de forma didática, a situação que encontrou. Instrumentos não lhe faltam, tem emissora de rádio e tv e orçamento para a amplificação de notas públicas de esclarecimento. Além disso, a imprensa tem-lhe sido condescendente (e às vezes até parceira), dando-lhe prazo para arrumar a casa sem maiores questionamentos, tanto do ponto de vista político como administrativo.

Como não existe espaço vazio que não possa ser preenchido por matéria, essa espécie de vácuo, pela inércia governamental, foi preenchido por dúvidas.  E  na prevalência delas, a idéia de que o governo tergiversa e, em sendo assim, teria condições de pagar os salários corrigidos ilegalmente sem criar um colapso no setor público estadual. Ainda que pareça ser uma conclusão vigarista que não resista a uma passada de olhos, por mais ligeira que seja, na execução orçamentária, ela termina ganhando corpo.

Poder-se ia analisar como coisa pensada dos formuladores do governo, como se estivessem implementando uma guerra de movimento com incursões e retiradas rápidas no território inimigo, quando deveria colocar em prática uma guerra de posições. E, como um erro, pudesse ser reparado numa correção de rumos. Entretanto, pela formulação teórica dos gestores envolvidos, aparenta representar simples insegurança, com algum grau de constrangimento quanto à forma, e aí fica pior por expor fragilidades de condução na coisa pública. Disso resulta a oscilação entre mostrar e demonstrar, a administração anulando e questionando atos e, na mesma medida, dizendo-se fazer estudos. Uma premissa não bate com a outra.

Os servidores estão no seu papel. Não são obrigados a abstrair um nacionalismo com o que consideram colocado no seu bolso, alienado ao seu patrimônio, onde a decisão do governo representasse uma apropriação.  Ainda que seja uma visão tacanha não importar-se de onde sairá o salário (tem gente que mata a galinha para ter os ovos), exercem um direito reivindicatório democrático. Cabe à administração, com efeito, demonstrar sua impossibilidade ou inoportunidade. E nisso parece o Palácio Araguaia titubear até aqui, a despeito das decisões tomadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

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