Zé das Bicicletas mantém seu comércio de consertos de bicicletas há quase seis décadas no mesmo endereço em Porto Nacional. O nome da rua onde ganha sua vida há mais de meio século é uma homenagem a Getúlio Vargas, muito embora quem tenha estado na cidade e passasse dentro de um carro na outra rua da esquina do seu estabelecimento fosse Castelo Branco.
Ali naquela casa de adobe quase na descida da viela que dava na rampa (hoje na orla) enquanto colava pneu de bicicleta, desentortava coroas e acertava freios, criou sua família de forma honrada. Ali no mesmo local onde Zé, há mais de cinquenta anos, encimou uma placa: “Zé das Bicicletas: Good bye, thank you” com o inglês da rua Grande.
Zé das Bicicletas “tirou” o Tiro de Guerra junto com Augusto, um pedreiro que para dar comida e estudos à família construiu com sua mão esquerda centenas de casas em Porto Nacional quando engenharia e arquitetura era coisa que remetia a Goiânia, a 850 km de distância. Muito tempo depois chegaram os engenheiros e arquitetos. Alguns que deixaram a cidade, formaram-se e retornaram.
Zé das Bicicletas e Augusto quando se encontram, jogam damas e dizem preferir conversar com (e sobre) Trump e Putin para desconversar sobre o Estado. Um diversionismo, ao seu modo, para enfrentar tanta miséria por que passa o Tocantins que transforma em paraíso a vida que tiveram e tem. Pelo menos seguem leves sem os fardos do enriquecimento ilícito.
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