Oponho-me, quase sempre, a juízos sintéticos a priori, provenientes de faculdades específicas e individuais. Por um motivo simplório, até: estes juízos, muitas vezes tomados como verdadeiros, nada impede que possam ser juízos falsos. De outro modo: a verdade que expressam pode ser falsa, ainda que sem esta, não subsistisse o juízo verdadeiro a que ela se opõe. Sem um, o outro não existiria.

Casos existem, entretanto, em que os juízos se opõem de forma tão cristalina que os tais juízos sintéticos a priori terminam por representar-se verdadeiros. É o que sucede com, por exemplo,  com o que ocorre, nestes dias, com uma das aplicações do Igeprev.

O fundo dos aposentados dos servidores aplicou em 2012 o equivalente a  R$ 50 milhões no fundo Golden Tulip BH FI (é um fundo imobiliário). Retirou a grana de um fundo consistente (considerado soberano) para jogar o dinheiro neste fundo, praticamente sustentando o seu início de operação. Na época, essa aplicação representava 70% do fundo investido (a limite do BC é de 25%). Hoje, essa aplicação corrigida é de R$ 66 milhões (29% do fundo investido, operação ainda desenquadrada).

E qual é o busílis? O Golden investiu essa grana do Igeprev na construção de um prédio de apartamentos (tipo apart-hotel) em Belo Horizonte (MG).  A finalidade era a Copa de 2014. Ocorre que os apartamentos até hoje não foram entregues, como previa o contrato.  Foram aplicados R$ 33 milhões na construção de 64 apartamentos (tipo quarto de hotel) standart e outros R$ 33 milhões em 51 apartamentos máster. Trocando em miúdos, cada quarto do Igeprev sairá por R$ 660 mil (máster) e R$ 570 mil (standart). Não é difícil calcular o custo e o retorno desse investimento. Ou seja, um quarto pelo valor de um apartamento de luxo em muitas capitais do país. E pior: a regulamentação de aplicações em fundos imobiliários não prevê resgate das aplicações. É rendimento do patrimônio imobilizado, aluguel por exemplo, atrelado ao mercado imobiliário. Nunca é demais relembrar que as aplicações do fundo é que garantem as aposentadorias e pensões, que dão sustentação ao cálculo atuarial.

Mas não é só isso. Como a Golden não entregou os apartamentos no prazo contratado, é obrigada a pagar uma multa. E é neste terreno que o negócio está pegando nos últimos dias. A Golden propõe pagar a multa com o aluguel de sete apartamentos por 15 anos. Até aí tudo bem. Ocorre que para terminar a obra, o fundo exige que o Igeprev libere R$ 6 milhões (a última parcela de 5% do contrato que prevê 95% antecipado e o restante na entrega do alvará). De outro modo: o Igeprev já liberou antecipadamente 95% da grana e não recebeu os imóveis como garantia. E o fundo aplicado quer 100% antes de entregar, contrariando o contrato. Diz ser exigência da construtora, ainda que exista um contrato.

Nesse fundo aí, o Igeprev foi atrás de outros investidores para dele fazer parte, ofereceram aplicações, a única forma que o instituto tinha (e tem) de diminuir sua participação e  enquadrá-lo nas normas do BC. Como óbvio não conseguiu parceiros. O mercado foi refratário a investir no Golden, coisa que os administradores do fundo dos aposentados e pensionistas do Estado não o fizeram no governo passado.

E aí situação está colocada: o Igeprev aplicou R$ 66 milhões em apart-hotéis com valores acima do mercado (que ainda não foram entregues, quatrro anos depois) e pode correr o risco de perder o montante, dado que o aluguel dos apartamentos certamente não vai acompanhar as aplicações feitas em fundos soberanos, que não dependem, tão fortemente, das oscilações que ocorrem no mercado imobiliário. Além do mais, quartinhos de hotel por R$ 660 mil, deve ser um luxo, não é verdade?

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