Estão programadas novas manifestações pelo país neste domingo contra o governo da presidente Dilma Roussef. Tudo democrático, afinal o expediente também foi utilizado pelo Partido dos Trabalhadores contra o presidente FHC. O Fora FHC dos petistas durou praticamente toda a administração tucana.
O problema das manifestações é que o viés político delas aponta para um processo de impeachment, sem qualquer justificativa jurídica aparente, até aqui, como entende a maioria dos juristas do país. As manifestações, como se sabe, estão linkadas nas apurações da Operação Lava-Jato e não há nelas indícios de participação de Dilma Roussef, como já apontou a Procuradoria Geral da República.
Daí que o tom das manifestações deste domingo, pelo impedimento da Presidente, cheira a golpe de estado. Estimula condições para retirar uma presidente eleita democraticamente do cargo, tendo como fundamento irregularidades em que a Presidente não aparece de forma objetiva. Os manifestantes também jogam no caldeirão os problemas administrativos do governo federal. Ora, retirar um governante eleito do cargo só porque vai mal na administração, é outra espécie de golpe. Nos países democráticos, os governantes são substituídos pelo voto universal popular.
A presidente Dilma Roussef por fazer as bobagens administrativas que for, mas o estado democrático de direito assegura sua permanência no cargo. As ruas não podem defenestrar um presidente da República só porque querem. Aliás, esse negócio de ruas decidirem é um troço. Sabe-se perfeitamente como as lideranças manipulam o sentimento popular. Neste caso, aliás, o PT bebe do seu próprio veneno. Mas não seria por isto que se daria guarida a golpes, travestidos de ação democrática e de vontade das ruas.