As pessoas estão de cabeça para baixo. O país está de cabeça para baixo. Observo em Palmas (como em outras capitais) e no Estado movimentos de cidadãos comuns nas ruas a favor da falta de medicamentos nos hospitais, de oxigênio nas UTIs, de combustíveis nos postos, de comida nos supermercados, de aumento no preço dos produtos alimentícios, de elevação do preço dos combustíveis, do aumento do botijão de gás, de interdição do direito de ir e vir.

E fico tentado a entender que razão (ou falta dela) levaria a esse efeito manada à parcela da população a defender um movimento cuja finalidade é justamente negá-la na apropriação de elementos fundamentais na sua própria existência. Um prazer na dor.

Intuo, ainda que de forma apressada, a população anestesiada pela falta esperança e pela roubalheira que parlamentares e governo praticaram no país. Um estado psicológico mentalmente abalado que defenderia até mesmo sua eliminação (falta de alimentos, remédios) em função de uma causa que não seria, aparentemente, sua. Ainda que se pudesse entender que, ao se contemplar o território (redução de ICMS do diesel como se reivindica e não da gasolina), ter-se-ia atendido o campo (a redução dos combustíveis em geral, com desdobramentos nos alimentos), os elementos da questão não levam a este resultado.

Isto no contexto prático. No campo das leis, uma aberração terrorista. Evidente que o homem livre para fazer o quer, der e vier está desgarrado da tradição, dos costumes e da ética. Portanto, fora da lei e da ética. Ética (que nada mais é que o respeito a códigos e regulamentos) colide com liberdade individual porque os homens necessitam ser regulados para manter sua condição gregária. Daí nasceu a civilização. Os caminhoneiros, assim o fazendo, a contrariam. E aí a arbitrariedade da liberdade individual, ainda que corporativa, sobre a população. A parte sobre o todo, o membro sobre o corpo.

O movimento completa hoje seis dias. Em Palmas e nas outras cidades do Estado, zero de combustível. Alimentos faltando. Remédios não chegam a hospitais, cirurgias desmarcadas, comerciantes com prejuízos aos borbotões e pessoas em busca de produtos para estocar. Inflação nas alturas.

E movimentos de redes sociais fazendo buzinaços, carreatas  em favor dessa excrescência autoritária e ilegal. Execrando aqueles que raciocinam sob princípios do estado de direito. E ele determina que não se pode fazer greve que retire da população o direito de se movimentar, de ter combustível e comida, questões essenciais à vida, assim tratadas na Constituição.

Uma aberração dentro de outra aberração que revela que a população brasileira não avançou como deveria. Ainda persiste a ignorância, o analfabetismo cultural, político e filosófico, especialmente nessa juventude que vai às ruas em defesa de um movimento corporativo (de empresários como suspeita a Polícia Federal) e que para obter seus resultados não se importa com a eliminação de pessoas, dentre eles, os próprios defensores da sociedade civil que os apóia. Um movimento que atrai o populismo e, com ele, o absolutismo. No caso específico, dos empresários rentistas que estariam a defender, achando-os um exército de oprimidos.

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