O Brasil tem pouco jeito ou jeito nenhum. Observou-se na paralisação dos caminhoneiros ontem o Governo do Tocantins propagando a criação de um grupo emergencial para tratar da crise, quando ele próprio tem problemas para abastecer viaturas da Polícia Civil e Militar por falta de pagamento dos fornecedores.

E até entidades e cidadãos comuns nas redes sociais apoiando o fechamento de rodovias.  Como se entre o direito dos manifestantes estivesse também o de impedir as pessoas de ir e vir. O fechamento da ponte Fernando Henrique é desses absurdos imponderáveis. E o que dizer da BR-153 onde milhares, com destinos vários, transitam diariamente. Alguns a passeio, outros a trabalho ou até em ambulâncias. Certos, mais além, pedindo a intervenção do Exército. Devem fazer parte do pelotão bolsonariano.

Na gênese da questão, como não lembrar da crise de combustível do governo José Sarney, quando nos Cruzados faziam-se filas quilométricas (como as verificadas ontem na Capital, 30 anos depois) nos postos para comprar gasolina e álcool. Tomando a desfaçatez comercial do governo Temer, tem-se um MDB/PMDB no centro da crise. Lá e cá.

Os caminhoneiros pararam o país (rodovias e aeroportos) por falta de previsão do governo e parlamentares. Aí inclusos os nossos deputados federais e senadores. O Brasil tem 60% de tudo que produz transportado por rodovias (o custo mais elevado de transporte) e não moderniza/expande os modais (ferrovia/hidrovia). Ou seja, aumenta o custo dos produtos e fica dependente dos caminhoneiros, incentivados, lógico, pela indústria paralela dos combustíveis, da indústria automobilística, de pneus e peças, de empreiteiras que ganham com o asfalto, aos quais não interessa concorrência na logística.

Do outro lado, tributa os combustíveis. São 44% na gasolina (28%/ICMS estaduais e 16%/tributos federais) e 28% no diesel (14%/ICMS estaduais e 14%/tributos federais). Ou seja, metade do preço dos combustíveis é formado por impostos. De outro modo: quando mais aumenta o preço do combustível, mais o governo arrecada. E como convive com um déficit crônico, tem-se aí receitas certas. Evidentemente que ganhos maiores também aos acionistas da Petrobrás e à indústria paralela rodoviária.

Como não concordar com os caminhoneiros (a ponta mais frágil dessa relação de transporte) quando se tem que as refinarias reajustaram a gasolina em 12,95% e o diesel em 9,34% em maio e se propaga que a inflação nos últimos doze meses foi de apenas 2,76% e de 0,92% em 2018. E a população que viu nos últimos meses produtos da cesta básica serem reajustados em mais de 50%, seguindo os custos dos transportes determinados pelo reajuste dos combustíveis autorizados pelo mesmo governo. Mas que é, dia-a-dia, quase admoestada sobre inflação próxima de zero que ela não enxerga no preço da carne, do arroz, do feijão e, certamente, no combustível.

A situação pode normalizar-se hoje com a redução do preço por dez dias. Outra aberração porque não soluciona a questão, a empurra para daqui a duas semanas quando novamente o caos pode retornar, com a explosão da paranóia nas redes sociais. Podem os postos estarem abastecidos, mas a corrida desenfreada fará com que esgote os estoques. Situação semelhante a uma corrida de correntistas aos bancos para sacar seus depósitos de uma só vez.

Esse capitalismo defendido e praticado por partidos ditos de centro/direita e liberais não é certamente o final da história. Antes demonstra que no país a discrepância entre rendimento do capital e rendimento do trabalho, somada à roubalheira que isto proporciona, e ao grau de prioridade que se dá a um em detrimento do outro, pode redundar em problemas maiores e de difícil controle.

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