Os governinstas anunciam nos bastidores que Siqueira Campos retorna hoje ao Estado. Dizem que é grande a expectativa. Há notinhas em portais, blogs e jornais. Logo, logo, as redes as amplificam. É daquelas situações forçadas as informações repassadas no off. E por que? Ora, off do Palácio tem nome e sobrenome, afinal assessores de Siqueira só revelam o que Siqueira determina ou autoriza. Digo forçada, porque não há expectativa nenhuma quanto ao retorno de Siqueira em plena terça-feira de carnaval. Comércio está fechado, políticos sambando nas suas bases, repartições públicas e bancos com as portas cerradas, expectativa onde? A não ser que algum bloco o esteja aguardando para comissão de frente, o que é improvável.
Os palacianos, com o anúncio da expectativa, aproveitam
para, de quebra, retornar com a velha cantilena: Siqueira pode anunciar
candidatura ao governo com Eduardo no Senado. É uma dessas piadas de salão. 1)
Eduardo para se candidatar, Siqueira tem que renunciar até o próximo o início
de abril (seis meses antes das eleições do dia 5 de outubro); 2) Siqueira para não renunciar ao cargo terá que renunciar, já no seu outono e com as ferramentas do poder de que dispõe atualmente, o sonho de ver o filho governador, não há outra chance mais próxima; 3) Siqueira e
Eduardo numa chapa, Senado e Governo ou vice-versa, a oposição não necessita
nem mesmo ir ao palanque. Seria o carimbo que restava, a pá de cal, para a afirmação
de uma oligarquia na administração pública e política do Estado.Seria a oficialização do que já existe na prática, não haveria mais dúvidas qualquer na população hoje ainda, por falta de informações, insegura quanto a isso. Siqueira e Eduardo não estão jogando pedra na lua. Muito pelo contrário. E as pesquisas e os maqueteiros estão aí mesmo!
Mais grave ainda: como fundada em um núcleo familiar, essa
oligarquia seria tal o regime monárquico, dado que o poder seria hereditário,
passando de pai para filho. O Brasil, lembrem-se, desde 1.889 é uma
República Federativa. Os brasileiros, por sinal, convêm não esquecer, foram às
urnas em 1.993 para decidir se continuava com o regime de governo republicano ou
retornava à monarquia. E também se presidencialista ou parlamentarista.
O regime republicano ganhou de lavada com 44 milhões de
votos (86,6%) contra 6,8 milhões (13,4%) dos que queriam a volta da monarquia.
Somos
uma República, portanto, um sistema de
governo cujo poder emana do povo, em oposição à monarquia, cujo poder é
hereditário. O sistema presidencialista também saiu ganhando no plebiscito
com 37 milhões de votos (69,2%) contra 16,5 milhões do sistema parlamentar
(30,8%). Ou seja, nenhum candidato gostaria de enfrentar um debate do assunto
nestes termos em uma campanha eleitoral.
Detalhe que empresta alguma lógica no anúncio da chapa
Siqueira Eduardo e na amplificação de uma expectativa quanto ao retorno do
Governador ao Estado. Ela é reafirmada no mesmo dia em que o ex-secretário
completa aniversário, 4 de março. E um dia após o Portal CT, do jornalista Cleber Toledo, estampar a existência de um PR anti-siqueirista disposto a enfrentá-lo com armas de que possui e com o conhecimento que têm de suas entranhas. Diante do exposto, só falta reunirem-se no último dia de carnaval
secretários no hall de entrada do Palácio para recepcionar o Chefe do Executivo, cantar o happy birthday to you!! para o ex-secretário e pré-candidato ao governo e jogar mais lenha no fogo de tamanha estultice. Algo que acredito, por razões lógicas, em condições normais, nenhum pre-candidato com razoável conhecimento o alimentaria. A não ser que tenha sido engolido por uma vaidade erguida pelo próprio arbítrio incontestado, ainda que desgarrado da história.