Só mesmo em período eleitoral para se dar crédito (ou descrédito) a uma lei do Executivo (devidamente aprovada pelo Legislativo) criada especial e especificamente para reduzir filas de cirurgias nos hospitais que já alcançariam a cinco mil e quinhentas almas penadas.

O programa foi aprovado no exato momento em que o governo publica a correção salarial (também autorizada pelos mesmos parlamentares) dos servidores de todos os poderes. Todos (exceção ao TJ) já consumindo com salários acima do permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Como o orçamento é um só e governos não podem fazer empréstimo para pagar salários, o resultado é óbvio.

O programa das cirurgias, pasme-se, é fundado no pagamento de valores adicionais a médicos, enfermeiros e auxiliares para zerar a fila. Como se na estrutura da administração pública já não fossem previstos tais adicionais que o próprio governo recorrentemente deixa de adimplir com os profissionais. Aliás, objeto de auditorias do Denasus que detectou pagamentos indevidos de dezenas de milhões de reais a médicos no Estado de 2014 a 2015. E que continua.

Uma grande perda da atividade parlamentar (e do governo) muito bem pagos pelos contribuintes para fazer um risco na água: criar um programa que, na prática, não necessitaria. Bastaria cumprir a legislação já existente. Ou seja: cumprir as leis trabalhistas. Mas é período eleitoral e o governo e seus deputados tributários tem que demonstrar (ou mostrar) alguma coisa.

No Estado é sempre assim: não se resolve um problema, cria um programa. É o mesmo caso do Acelera de Carlos Gaguim em 2009/2010 e do Governo mais perto de você, de Marcelo. Agora, cria-se o Opera. E aí poder-se-ia resgatar um chavão portuense da década de 80: me opera, doutor Euvaldo!!! quando se estava diante de uma insensatez ou bizarrice mesmo!!!

Doutor Euvaldo foi um grande  médico na cidade, operava no seu hospital nas piores condições possiveis na decada de 60 e 70. Atendia de graça aos pobres no seu estabelecimento de frente para o rio Tocantins. Chegou a ser prefeito de Porto Nacional e um dos líderes do movimento separatista do Estado. Era do velho PSD, depois MDB.

No caso circunstancial do governo Carlesse, o Opera nada mais significa que uma falácia já que bastaria ao governo cobrar dos profissionais a carga horária contratada e, na ocorrência de necessidade de extras, convocá-los a sério e pagar-lhes o devido. E não pagar médico para ficar em casa esperando ser chamado.

No plano real, o governo (com o aval destes mesmos parlamentares) assiste à sangria de pacientes e do serviço público de saúde. Ainda que de 2015 até julho de 2018, a Secretaria de Saúde tenha desembolsado pagamentos da ordem de R$ 4,8 bilhões. Isto mesmo!! O governo pagou (conforme seus balanços) uma média de R$ 1,3 bilhão por ano no sistema de saúde pública. Em 2018, já foram R$ 950 milhões pagos até hoje (www.transparência.com.br).

Tudo isto aí quando Mauro Carlesse era deputado (e depois presidente do Legislativo) e os parlamentares eram os mesmos que estão aí a aprovarem mais despesas. De outro  modo: aprofundam o caos quando nos palanques impõem o ônus apenas ao ex-governador. Quando na verdade eram e continuam sendo co-participantes das ações que impõem prejuízos inestimáveis à administração pública e à população.

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