A greve dos policiais civis completa 20 dias esta semana. É um tempo razoável de resistência ao cumprimento de decisão judicial que a considerou ilegal. E que os agentes parecem não estar dispostos a aceitar tão cedo, mesmo que desobediência judicial implique em desdobramentos que a própria categoria é sabedora.

O movimento – que não conseguiu angariar apoio da população nem das instituições – segue impulsionado pela própria ação dos “insurgentes”, assim considerados pelo Secretário de Segurança Pública, que é promotor público.  E se equilibra em movimentos de comunicação interna e externa que não resistem ao menor argumento contrário, o que termina, paradoxalmente, por enfraquecer os seus fundamentos.

Depois de amplificarem que a devolução das armas (no Jornal do Tocantins desta terça informa-se que 737 já teriam sido devolvidas) pioraria a situação de insegurança da população, (ainda que fossem obrigados a entregar o armamento, óbvio, apenas aqueles que estivessem de greve) eliminando os 30% obrigatórios que os sustentavam numa hipotética legalidade (lembre-se que a greve foi declarada ilegal, os 30% não os isentariam de nada neste aspecto), os policiais publicitaram ontem que agora também os delegados teriam aderido ao movimento.Mais pressão no governo, mais opressão na população. Já haviam tentado apropriar-se do sentimento da caserna, naquele episódio da sindicância aberta contra um Sargento que teria sugerido mandar para a cadeia o governador do Estado (Comandante-em-chefe da PM) - tentando interferir nos regulamentos militares - sem importar-se para o fato de que, por muito menos, policiais militares foram presos por manifestação na Assembléia no governo passado, sem merecerem a mesma solidariedade afectiva dos policiais civis.

A base argumentativa: dois delegados haviam manifestado apoio ao movimento.  Claro que uma proposição notadamente falsa por representar uma indicação de caso isolado tomado como genérico para justamente refutar a realidade colocada. E pior: há pessoas que tomam a demonstração como verdadeira e se ocupam de disseminar. Não que os delegados não possam, a partir de sua categoria de classe, também entregar as amas em solidariedade ao movimento, algo até certo ponto difícil (tem muitos delegados ainda em estágio probatório) mas dois delegados não podem, necessariamente, ser tomados como todos os delegados. Caso contrário teríamos evidenciado o conflito entre forma e substância.

Mas não se entende ou se coloca, convenientemente, a cognição de fora das conjecturas que circundam o movimento paredista. E isto certamente contribui para o fracasso da greve nos seus objetivos até aqui. Sem prejuízo do raciocínio de que talvez não fosse meramente reivindicatório e sim de posicionamento de classe onde a própria mobilização já seria um avanço, do ponto de vista da categoria, maior que os ganhos salariais que, aparentemente, dariam sustentação ao movimento.  E ainda tem as vontades, produto dessa representação, a dois anos das eleições municipais.

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