Essa condenação de Marcelo Miranda a mais de 13 anos de prisão por dispensa de licitação e apropriação de verbas públicas da saúde (Oscip/Brasil) deveria ter sua investigação estendida à Pró-Saude (governo Siqueira), ao desvio das verbas da saúde para lama asfáltica (Sandoval Cardoso) e aos desvios do último governo de Marcelo.
A saúde sempre foi, por pura covardia dos administradores, um nicho de mercado para bandalheira. Insumos caros, poucos fornecedores e larga margem de manobra para sobrepreço. Marcelo é uma pessoa do bem, mas deixa correr frouxo auxiliares que só querem locupletar-se do dinheiro público o que o torna conivente e, portanto, partícipe dos desvios.
Um roubo que não se faz sem a participação do empresário que comercializa os produtos com o governo. Se o paciente morrer, paciência. Sempre haverá uma justificativa científica dos bandidos ilustrados. Uma máfia que não se materializa sem a participação de servidores, médicos e empresários.
Os governos não botam a cara mas levam o seu com as vistas grossas que faz. Há, por exemplo, neste exato momento, candidatos a cargos eletivos que vendem produtos para a Secretaria de Saúde. Ganham seus lotes em licitações direcionadas e, na hora H, devem entrar com suas colaborações.
No caso da Oscip Brasil fui o primeiro a denunciar a ilegalidade numa coluna que tinha no jornal goiano O Sucesso ainda em 2003. Depois da nota, fui convidado a deixar o jornal. O proprietário foi explícito: o governo não pagaria mais publicidade se o jornal me mantivesse.
Cerca de 15 anos depois a Justiça Federal diz que havia razões no jornalista.