Mais uma morte é
atribuida à negligência nos hospitais públicos do Estado. Desta feita, como vai
no Jornal do Tocantins desta terça, a
família de uma adolescente de 14 anos,
acusa o serviço público de saúde de ser o responsável por seu óbito.
Primeiro em Arapoema, depois Araguaína e, por último, para não ficar dúvidas, o
Hospital Geral de Palmas, onde a adolescente faleceu porque, segundo a família,
faltava um neurocirurgião para realizar uma cirurgia, dado que apresentava
quadro de traumatismo craniano.
É um roteiro de terror. No mês de junho (dados do DataSus) no
Tocantins 180 pessoas morreram nos hospitais públicos. Com isto, eleva-se para
cerca de 1.400 o número de pessoas que morreram nos hospitais público do Estado
nos primeiros seis meses do ano. Numa contabilidade simples, tem-se que o balanço do final do ano pode
somar perto de 3 mil pessoas morrendo nos nossos hospitais. É o terceiro pior
índice de morbidade hospitalar na região Norte do país (2,28). Tocantins só
ganha (em junho), neste ranking macabro, do Pará
(581 mortes) e Amazonas (193). O Pará tem 7,9 milhões de habitantes, Amazonas
3,8 milhões. O Tocantins tem apenas 1,4
milhão de pessoas. Uma desproporção (ou proporção) gritante!!!vergonhosa!!! criminosa até!!!
Sabe-se, também hoje, que a situação se estava incontrolável,
pode piorar. A impressão que se tem é
que a população está diante do Portal do Inferno de Dante, de Dante Alighieri, uma vez dentro, deve-se abandonar toda a
esperança de rever o céu. Médicos e enfermeiros avisam que vão parar os
plantões no próximo dia 18!!!!! Ou seja, 17 dos 19 hospitais públicos do Estado
não terão plantões médicos!!!! Paciente chega a noite e vai ficar sem
atendimento, se der sorte de amanhecer vivo, pode ter alguma chance de
tratamento. Caso contrário, um palmo de terra por cima. Tudo por um atraso de
120 dias!!!! no pagamento por parte do governo.
Em síntese, se os hospitais já tinham dificuldades com falta de 3,5 mil técnicos e mil enfermeiros (daí pagava extras), o cidadão que necessitar do serviço de saúde pública não tem qualquer chance. Na contabilidade do governador Sandoval Cardoso, candidato à reeleição, essa conta parece ser secundária. Mas não é. E mantém a inércia do governo anterior de Siqueira Campos a que sucede o atual Governador por força das alianças palacianas.
Com se nota, é um governo coordenado pelo ex-secretário Eduardo Siqueira Campos, não há qualquer dúvida sobre isso no meio político e na administração estadual. Essa conta, entretanto,
já começa a encobrir, com efeito, o marketing de que o Tocantins é um dos
Estados que mais investe em saúde. Por
desembolso, é mesmo!! O Tocantins desembolsou no ano passado R$ 1 bilhão, 129
milhões e 641 mil na saúde. Uma média de R$ 764,22/ano por cada habitante. O
dobro do que gastou Acre (R$ 680 milhões), Amapá (R$ 537 milhões),
Rondônia (R$ 627 milhões), Roraima (R$ 435 milhões) Mato Grosso do Sul
(647 milhões)e Alagoas (R$ 676 milhões). Mais que Sergipe (R$ 857
milhões), Mato Grosso (R$1 bilhão),
Piaui (R$ 940 milhões) e Paraíba (R$ 956
milhões). Mas e aí? Por que a saúde pública está um caos, os hospitais são piores que hospitais de guerra, paciente morrendo nos corredores, em macas e cadeiras, sem atendimento?
Como a situação piora a cada dia sobram duas assertivas: ou o
governo é incompetente no setor e não merece nova oportunidade ou há desvios
milionários de verbas da saúde. Apesar do Ministério Público já investigar
algumas pegadas, o governo, entretanto, sem qualquer desfaçatez, quer
terceirizar os serviços em Araguaína por R$ 258 milhões em cinco anos (mesmo
que à atual administração só restem cinco meses) e em plena campanha
eleitoral!!!!! E aí já não seria mais o
Portal do Inferno, mas o próprio Inferno com os seus nove círculos. Com mais
nitidez naquele que trata dos pecadores.