O CEO da BRK, Alexandre Honore Marie Thiollier Neto, o relator e o presidente da CPI, junto com parte dos vereadores, desempenharam nesta segunda, no Legislativo metropolitano, uma peça de teatro de quinta categoria. Com ponto e tudo para o caso de vacilo na marcação e no texto.
A vexamitosa intervenção de pelos menos dois vereadores (Josmundo e Nego ) cala fundo no bolso do morador da cidade que vai pagar R$ 60 milhões (LOA/2024) aos vereadores este ano para o Legislativo funcionar.
E mais R$ 36,6 milhões de emendas individuais (2% da receita corrente líquida de 2023/R$ 1,833 bilhões). Ou: R$ 1,9 milhão para cada vereador. Mais salários, verba indenizatória e de representação. De Codap e salários, cada parlamentar tem na conta todo mês algo próximo de R$ 32 mil limpinhos.
Por obra da maioria na CPI (a mesma que havia contrariado o STF na semana passada) os vereadores elaboraram uma lista com 39 perguntas. Mas atenção: as perguntas foram antecipadas à testemunha.
Testemunha que já em Palmas queria mandar os diretores à CPI ao invés dele comparecer. Pedido negado pela presidência da Câmara.
As perguntas feitas (e antecipadas) expuseram o papelão inominável de parcela dos vereadores.
Indagações que, se não tinham a resposta na própria pergunta, apenas levantavam a bola para o CEO cortar. Tipo: o senhor cumpre a lei? A empresa tem investimentos no Estado?
A pergunta que mais aproximou-se do objetivo da CPI (os critérios para a alta taxa de água e esgoto) foi feita por um vereador de fora da Comissão, o presidente Folha Filho.
O CEO disse que as tarifas seriam determinadas pela ATR (governo), quando a Capital tem sua própria agência de regulação. Ou seja, o culpado seria Wanderlei Barbosa.
Mas se contradisse ao dizer que o valor depende dos investimentos, recusando-se a declinar sobre o percentual que o consumidor paga do custo do empréstimo.
Omitiu também informar qual a parcela da BRK no aumento do próprio seu patrimônio que os empréstimos possibilitariam. Financiamentos debitados na tarifa do consumidor.
A taxa de juros dos financiamentos que são embutidos na tarifa do usuário, nem pensar.
Essas concessionárias tem seu modo de convencimento de instituições e parlamentares. Lembro-me que numa dessas vendas da concessão, as empresas embutiam no preço os imóveis do Estado onde se instalava. Na cara dura.
Deputados e vereadores fizeram obsequioso silêncio. Não fora o Ministério Público venderiam os imóveis que eram do Estado junto com a concessão, cuja venda já é ilegal porque a concessão é pública.
O CEO não causou sequer espanto aos integrantes da CPI quando disse que não tinha conhecimento do faturamento anual da empresa na Capital e no Estado.
Foi tanta mentira encobrindo o principal (e sob o manto do silêncio) que, não fosse apenas testemunha e sim investigado, a CPI poderia pedir a sua prisão tamanho o descaso com uma comissão constitucional, instalada por um poder Legislativo de uma Capital com mais de 300 mil moradores.