Confirmada a indicação do prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, para a presidência da comissão provisória do PR no Estado. Poder-se-ia considerar como previsível,tanto por parte dos governistas como da oposição, produto de uma causalidade quase mecânica diante da atuação das forças políticas mobilizadas para transformar a previsão em fato concreto, como se deu, o que emprestaria ao raciocínio antecipado da previsão, pelas parte envolvidas (oposição não acreditando, imóvel e situação colocando fé e se mexendo) um ato prático de conhecimento e não mais uma abstração. Resumo: o governo jogou a oposição na lona.
Fala-se nos
bastidores políticos no envolvimento de cifras na casa dos dois dígitos de
milhões de reais e participação de conhecidos empresários do ramo imobiliário/empreiteiro
no convencimento da direção nacional do partido. Nada inusitado. Lembro-me que
na metade dos anos 90 o PV foi rifado no Estado em troca de contratos/convênios
e até locação de veículos com o consórcio construtor da UHE Lajeado. A direção
nacional pela contrapartida de ativos financeiros, deixou-nos o passivo da falta de fiscalização
política dos danos ambientais que ainda hoje provocam prejuízos à população. No
caso de tocadores de obras federais, ainda que o conteúdo difira, forma e método permanecem os mesmos.
No caso específico, não há qualquer dúvida de que o viés do
prefeito (e agora presidente) é levá-lo (o PR) para a base governista. Dimas
foi eleito com o apoio decisivo de Eduardo Siqueira, que viabilizou, no
Palácio, sua candidatura, em detrimento de uma candidatura tucana. Na última
eleição em que Siqueira Campos disputou o governo com Marcelo Miranda (2006)
era o vice na chapa do atual governador. Até 2012, quando o PR já transitava na oposição, com racha público de João Ribeiro,
Eduardo e Siqueira, Ronaldo Dimas era Secretário de Cidades do governo Siqueira
Campos. Dimas nunca assumiu a posição do ex-presidente, senador João Ribeiro, de oposição ao governo.
Manteve-se neste tempo todo, publicamente, uma posição dúbia ancorado no cargo
de prefeito. Ainda que sem o apoio de João
Ribeiro é certo não conseguiria ser eleito.
A mesma dubiedade carregada nas declarações hoje do prefeito
de que o partido não tem posição firmada sobre a direção nas eleições deste ano. Como não? O PR é oposição ao governo explicitamente
desde 2011!!!! As arestas foram
expostas publicamente, o senador João Ribeiro, que era o presidente e fundador
do partido no Estado, pré-candidato ao
governo, exercia críticas contundentes à administração e enxergava as digitais
palacianas no uso sórdido de sua enfermidade para inviabilizar o projeto
político da oposição. E nesse período
não se tem conhecimento de discordância pública ou em reuniões partidárias do
prefeito sobre esta condução. Onde estariam estas dúvidas? Parece-me que
residem tão somente, pelos fatos, no consciente e no inconsciente do prefeito.
João Ribeiro chegou a divulgar, não sem o apoio partidário,
nota pública sobre o assunto. Notas em que se manifestava desta forma: Oposição a um Governo que alicia prefeitos com promessas de obras, as
mesmas que durantes três anos se negaram a fazer e que agora anunciam, em plena
época em que as chuvas se aproximam. Oposição a um Governo que alicia prefeitos
com ameaça de perseguição e uso do Tribunal de Contas do Estado como
instrumento político e não técnico, ou mesmo com interferência no Judiciário,
um poder constitucionalmente autônomo. Oposição a um Governo que se envolve em
escândalos nacionais que comprometem o IGEPREV, salvaguarda de servidores
públicos que trabalham ou trabalharam e esperam segurança em suas
aposentadorias.
Dizia mais João Ribeiro, presidente do PR, que agora o novo
presidente Ronaldo Dimas manifesta não ter posição o partido : Oposição a um Governo que prometeu 18
hospitais regionais, médicos na porta de casa, e que hoje é notícia diária na
imprensa pelo sucateamento da saúde e, de quebra, caos no atendimento médico,
hospitalar e laboratorial aos servidores que deveriam ser acolhidos pelo
PlanSaúde. Oposição a um Governo que vem sendo duramente criticado pelo estado
de insegurança pública generalizada, pelas péssimas condições de trabalho
oferecidas para as policias militar e civil, e por ter transformado as cadeias
públicas em campos de concentração que acabam permitindo fugas como a ocorrida
em Colmeia neste último final de semana. Oposição a um Governo insensível na
criação de políticas públicas de combate à disseminação das drogas e que ainda
amarga índices vergonhosos no setor educacional.
Como é que esse partido, o PR, não teria posição acerca de tais assuntos? Com efeito, as declarações de Ronaldo Dimas, ao invés de afastar dúvidas termina por provocá-las. Sem prejuízo do raciocínio de que a dubiedade, nestes casos, faz mesmo é realçar a negação que o prefeito estaria fazendo aos princípios que o PR , sob o comando de João Ribeiro, afirmava de oposição ao Palácio. E aí, essa negação não escaparia de enquadramento numa premissa de afirmação contrária: de apoio ao Palácio. Na verdade, até mesmo desnecessária diante do alijamento, da nova direção partidária do PR, dos dois deputados estaduais do partido, Luana Ribeiro e Bonifácio Gomes, seguidores do ex-presidente e senador João Ribeiro na defesa intransigente de uma oposição ao governo. Dúvidas se o Palácio cooptou a direção do PR e entregou para Ronaldo Dimas administrar ao seu comando onde?
É provável que no campos das previsões, se pudesse antecipá-las, o senador João Ribeiro observasse como possibilidade concreta desdobramentos tais, analisando-se o perfil político das partes envolvidas e a elas pudesse oferecer resistência. Algo que seus herdeiros políticos patinam para enfrentar e dar um pouco de coerência ao projeto político que a legenda intenta apresentar à população. Imagina, o PR agora dizer às comunidades que tudo está bem na saúde, nas rodovias, no Igeprev....