Recheados de símbolos e intenções transversais os discursos do senador Eduardo Gomes e do governador Wanderlei Barbosa no sábado, a tomar as declarações atribuídas a ambos no aniversário do Senador pela assessoria do parlamentar.

O Senador teria agradecido a presença de Wanderlei e declarado que “o bom político, que faz política por amor, reconhece a grandeza do outro.”

E teria, Eduardo Gomes, assegurado “total apoio” à pré-candidatura da deputada Janad Valcari, do seu partido, na Capital. O Republicanos, de Wanderlei Barbosa, tinha até sexta um pré-candidato: o deputado federal Ricardo Ayres. A democracia tem disso.

Ou seja: Janad avançou no jogo. E isto pode impulsionar mais ainda sua pré-candidatura que  já tem apoio que não é desprezível. Tanto político quanto popular.

Wanderlei teria devolvido: “Ele (Eduardo) sendo candidato, será um que eu tenho a intenção de votar de novo, pela terceira vez”, referindo-se a uma eventual candidatura à reeleição do senador do PL. São, indiscutivelmente, velhos amigos.

Wanderlei em 2026 poderá (como todo eleitor) votar em dois senadores. Em si próprio e em outro.

A declaração de ontem exclui, por óbvio, voto em Carlos Gaguim (que já declarou-se pré-candidato pelo UB de Dorinha) ou em Irajá Abreu, por razões conhecidas. E, mais longe: Wanderlei já teria escolhido o companheiro de chapa.

A conjunção adverbial condicional "se" não estaria ali por acaso: o Senador pode querer disputar o governo contra o vice de Wanderlei que tem o direito de candidatar-se à reeleição, numa eventual renúncia do Governador para disputar outro cargo. O voto do Governador antecipado, entretanto, adiciona molho e empurra o Senador à reeleição.

Como é notório, Janad não é a candidatura dos sonhos de Wanderlei. E o governador anda incomodado com o avanço do tripé PL/PSD/UB (Gomes, Irajá e Dorinha). E que o Republicanos não tem acompanhado. Mas não é neófito na política. Sabe, também, aguentar o tranco das abóboras na carroceria.

Podem levar, os três partidos, no entanto, como resultado de suas alianças, o maior número de prefeitos, vereadores e votos este ano. Tem chances reais nos quatro maiores colégios eleitorais. O PL em Palmas e o UB e PSD em Araguaína, Porto Nacional e Gurupi.

Só aí 40% dos votos do Estado. E o Governador tem, até aqui, intenção de disputar o Senado e manter o governo no seu grupo.

E aí outro problema a ser administrado por Wanderlei. O chamado “fogo amigo” palaciano tem azedado as relações entre o vice, Laurez Moreira, e o Chefe do Executivo. E isto não é bom nem para Wanderlei, nem para Laurez. Pior para a base política do Palácio. O Governador já passou pela experiência com Mauro Carlesse.

As conspirações, com efeito, estão no ar a ponto – como apurou o blog – do Governador ficar dias sem falar com o vice. Apesar da relação de confiança existente entre ambos e que estaria sendo abalada pela ciumeira sem sentido algum de vocalizadores de conspiratas imaginárias.

Desconfiança que abala Wanderlei e o próprio governo, enfraquecendo sua base política.

Daí a declaração de dois sentidos de Eduardo Gomes no sábado:

“Neste aniversário é uma data especial para solidificar o meu compromisso com as pessoas do nosso Estado. Quero agradecer a presença do governador Wanderlei Barbosa e dizer que o bom político, que faz política por amor, reconhece a grandeza do outro”.

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