O cidadão que se deslocasse  pela TO-050, sentido Palmas/Porto Nacional (e vice-versa), era na madrugada de hoje surpreendido por homens na via interditando-a, obrigando-o a sair da pista e parar o veículo. Homens vistoriavam os carros de passeio, muitos com crianças e só os liberavam a partir de um comando. É. Tinham o seu comandante como num batalhão de polícia ou de mercenários. Crianças e adultos amedrontados, afinal poderiam ser bandidos como de fato no modo e método de ação se assemelhavam no escuro da madrugada no meio da estrada. Palmas (e muitas outras cidades do Estado) está parada sem combustível e nos supermercados o desabastecimento é inequívoco.

Não. Não era uma blitz policial. Era a milícia de caminhoneiros a serviço das empresas de transportes. Como avaliei aqui desde o princípio, a greve não é de motoristas de caminhão: 70% é de transportadoras, como informou ontem a jornalista Miriam Leitão. E já teria provocado um prejuízo de R$ 10 bilhões de acordo com a Folha de São Paulo deste domingo. Só de aves, 50 milhões teriam sido abatidas. Outras estão morrendo de inanição por falta de ração. A produção de leite que tem que ser jogada fora diariamente eleva-se a 95 milhões de litros todos os dias, de acordo com a CNA. Inflaçao nas alturas. Em cinco dias alguns produtos alimentícios tiveram reajuste de até 500%. Combustíveis, também. 

Nao à toa o jornalista Janio de Freitas escreve na Folha de Sao Paulo deste domingo: "Sabe que todo caminhoneiro vota no Bolsonaro, né?". É a informação do chefe de um dos núcleos do movimento, em conversa transcrita no melhor jornalismo de cobertura desses dias: a colheita da repórter Josette Goulart, do site e da revista Piauí, na sua original participação em quatro grupos de WhatsApp de lideranças da obstrução". Numa constataçao óbvia da variante política do movimento reacionário por substancia, seguindo a campanha eleitoral antecipada pelo militar de direita. E que fazem da maioria da populaçao, inocentes úteis.

Nem mesmo o vídeo que veio a público da Federação das Empresas de Transportes de Cargas de São Paulo com a tática criminosa de guerrilha das transportadoras (mais pragmática, horrenda e delituosa que os piores treinamentos stalinistas), modificou o sentimento de parte da população em apoio um movimento ilegal quanto terrorista, por atentar contra a segurança nacional. O estopim de uma guerra civil. E não por uma luta de classes e sim por lucro de empresários. Nao são os pobres contra os ricos. E sim os pobres pelos ricos. Com o desabastecimento de comida, remédios e combustível, a guerra se dará apenas entre os pobres porque os ricos dela não mais precisarão.  Apenas para manter o domínio de mercado da guerra que pode se instalar, regulando-a a seu favor depois de ter obtido o apoio na sua própria construção e deflagração: lucro triplo.Estarão contabiizando lucros.

Enquanto o cidadão tocantinense era barrado por milicianos na madrugada de hoje (e durante todos os dias) numa rodovia pública, sem qualquer repressão do poder constituído, o governo os incentivava com a omissão pública em nota oficial e a falta de policiais nas rodovias. Não foi só uma omissão dado que afirmativa da não ação que funcionou, pela lógica, com uma sinalização da concordância do Palácio Araguaia, sob comando de Mauro Carlesse, com o movimento. Não foi apenas uma não ação silenciosa, um omissão, apenas. Foi o comunicado público oficial de que não vai agir, liberando a criminalidade.

 Uma omissão criminosa e irresponsável, dada a transparência da ilegalidade da ação dos caminhoneiros de bloquear uma rodovia e admoestar cidadãos com suas famílias. Contribuintes que, no Tocantins, irão tirar dos seus bolsos em 2018 o equivalente R$ 1 bilhão e 220 milhões para, em tese, ter segurança, como é o que o governo prevê no orçamento para todas as polícias do Estado.

Enquanto nos outros Estados as polícias estaduais, federais e municipais se unem para restabelecer o direito constitucional do cidadão de se deslocar, comer e ter atendimento nos hospitais, o governo Mauro Carlesse ilegal e ilegitimamente no palanque circunstancial apóia publicamente, com a omissão, o movimento fascista em andamento no país, capaz, pela brutalidade e ignorância de parte da população e dos grevistas, de estabelecer uma guerra no país. Por alimentos, combustíveis. Tudo parra aumentar os ganhos das empresas de transporte.

Como é sabido, não só o governo federal tem competência sobre o ICMS, que é dos Estados, pelo Conselho Nacional de Política Fazendária. Se a carga tributária é elevada, (44% é impostos e destes 28% de ICMS/Estados e 16% de impostos federais), não é a população (interditada no seu direito de ir e vir e de comer) que vai modifica-lo. E tem ainda o Congresso: se este que está aí não resolveria ou não prestaria, a democracia entrega à população (e a caminhoneiros e empresários) a prerrogativa de muda-los pelo voto. E não à força como nas piores ditaduras, seja de direita ou de esquerda, com prejuizos inestimáveis a quem não vai ganhar nada com isto. Seja do ponto de vista político quanto financeiro.

Ademais, os preços dos combustíveis dependem de preços internacionais. O que a população está apoiando é que a maioria de pobres do país pague supostos prejuízos de empresários em função do mercado de petróleo. Coisa que eles não dividem com a população quando lucram às burras. O prejuízo no bolso da patuléia que será repassado ao bolso do empresário já bate na casa dos R$ 12 bilhões que o governo terá que buscar no bolso do contribuinte porque não tem árvore de dinheiro. O cofre não lhes pertence e sim ao cidadão contribuinte.

E ainda vem com a falácia: movimento pacífico. No dicionário, pacífíco é sinônimo de: manso, pacato, tranquilo, calmo, sossegado, ordeiro. Onde haveria ordem nessa desordem e onde seria tranquilo um movimento que busca retirar da população comida, combustível e remédios.

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