O prefeito Eduardo Siqueira tem feito uso das redes sociais (como a maioria dos políticos) para amplificar seu trabalho.

É uma escolha que sugere um canal direto com a população.

A exemplo de influenciadores, sem o cotejamento necessário quando se trata de administração pública. Bastam-lhes os likes.

Eduardo publicou ontem um vídeo expressando que não iria encaminhar a fotografia oficial do prefeito às secretarias e órgãos da Prefeitura.

Mas que gostaria que todos os gabinetes tivessem o ex-governador Siqueira Campos (apresentando uma foto oficial do ex-governador) como fonte de inspiração permanente.

E que olhando para ele, teriam uma coragem maior para vencer os desafios pela frente. Uma coragem que somente com ele (Eduardo) não teriam, é o que sugere.

Não há qualquer dúvida sobre o recado dado: o secretariado vai colocar a foto oficial do ex-governador no lugar da foto oficial do prefeito.

Fotos oficiais (apesar do Artigo 37 da CF) não cairam na nova lei de improbidades. Mas contrariam o princípio da impessoalidade da administração pública. Eduardo, muito apropriadamente, dela decidiu não fazer uso.

Mas a reiterada evocação de recordação, no cargo público, do pai, Siqueira Campos, parece traduzir a imposição de um sentido ao caos sensível por que pode passar.

A busca à figura do pai como que segue uma narrativa que teria início lá no funeral do ex-governador quando Eduardo profetizou que tudo "não acabaria assim".

Ou uma finalidade política (o renascimento do siqueirismo) fincada na metafísica: os secretários deveriam prestação de contas a Siqueira (que não está mais aqui).

Um movimento personalíssimo. Mais ainda do que seria a sua própria fotografia. E carregaria uma conexão direta, nas fotografias, entre a figura do pai e a do filho. Numa campanha, seria o "vote em mim" que estará "votando nele".

Seria, ademais, de Siqueira, um olhar não só de inspiração (o ex-governador cobrava até ser inspirador), mas de cobrança -  e não a Eduardo o escolhido, nas urnas, pelos eleitores que tem preocupações bastante reais. Siqueira já dá nome à ponte do lago e ao Palácio Araguaia. E tudo caminha para ter um museu só dele (o Palacinho).

Eduardo, aliás, não recebeu uma prefeitura falida como propagam seus aliados. Tem Capag A+ em todos os indicadores fiscais (STN).

 Um orçamento de quase R$ 3 bilhões, uma dívida de R$ 321 milhões (quando poderia emprestar R$ 2,4 bilhões), gasta 50,72% da RCL com pessoal (máximo é 54%), arrecadou de impostos no ano passado R$ 622 milhões (R$ 200 milhões a mais que o FPM), e não tem passivos com servidores.

E sem a influência de santo algum.

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