O prefeito Eduardo Siqueira (Podemos) gastou boa parte dos seus últimos dias explicando a contratação de uma empresa de transporte coletivo por R$ 196 milhões (sem licitação) e a elevação da tarifa em R$ 1 real do valor que recebeu. É da liturgia do cargo.
Se fosse uma Secretaria, o transporte coletivo seria o quinto maior orçamento da Capital. So perderia para Educação (R$ 768 milhões), Saúde (R$ 444 milhões), Infraestrutura (R$ 424 milhões) e Finanças (R$ 280 milhões). Ou: 7,2% do orçamento anual de R$ 2,750 bilhões.
Eduardo tem um projeto para Palmas do qual dependeria seu próprio projeto político.
Nenhum ser humano busca força (até onde não tem) para sair-se vencedor de uma eleição como a do ano passado sem um propósito maior.
E a responsabilidade de dar seguimento ao projeto político do pai, ex-governador Siqueira Campos, que em seis décadas de política, não teve uma condenação sequer por desvios.
Com esta carga política, qualquer pisada na bola pode inviabilizá-lo no futuro que é promissor. Já comanda, na prática, a oposição no Estado quando há um ano era considerado praticamente um “pária” na classe política.
Nos três meses, tem enfrentado os problemas e os serviços públicos não sofreram solução de continuidade. Faz o dever de casa. No que já é muito posto os 90 dias no cargo.
No caso do transporte coletivo, foi taxativo ao blog: não quero dar vantagem a empresário nenhum e a tarifa será, ainda, a menor do país.
Enumerou o sucateamento da frota que recebeu, avaliando um gasto duplo da população com aluguéis e manutenção dos ônibus que disse sem controle algum.
São números que deveriam ser esmiuçados a público para o confronto com os relatórios da administração anterior e afastar leviandades políticas. Especialmente de auxiliares.
E que com aliados (ou ex-aliados) é pior ainda. Eduardo teve no 1º turno das eleições 32,42% dos votos (contra 39,22% de Janad/PL e 27,99% de Geo/PSDB).
No segundo turno, saiu das urnas com 53,03% contra 46,97% de Janad.
Como prefeito e a ex-prefeita (do PSDB) andaram juntos no segundo turno (e o candidato do Podemos em 2020 teve apenas 1,59% dos votos na Capital) haveria pouca margem de dúvida quanto à dinâmica do resultado.
E não se vê Cinthia escrachando sua administração ou disputando cargos na gestão Eduardo.
Até porque para adequar a administração ao seu projeto, a Prefeitura tem rescindido unilateralmente vários contratos licitados da administração anterior e contratado novos fornecedores e prestadores de serviço com dispensa de licitação. Tudo no Diário Oficial.
Seus auxiliares devem ter explicações técnicas para tudo isto. Mas, politicamente, é prato cheio para uma oposição. E de oposição é tudo que Eduardo menos precisa nas atuais circunstâncias.
O prefeito tem boa fé.