A semana encerrou-se com um enigma político e a política estadual inicia-se amanhã no mesmo lugar.
Wanderlei Barbosa reiterou do nada, esta semana, sua decisão de não se candidatar daqui a dois anos.
Vai colocar o pijamão, deitar na rede dentro de um calção e ficar contemplando o vão do Taquaruçu Grande: governou só para provar aos alienígenas que o sertanejo pode.
Como não explicou onde ficará a primeira dama (que tem feito trabalho de candidata) tem-se aí a possibilidade de mais dois problemas de mesmo fato gerador.
Se ocuparia a primeira dama a abanar arroz com um quibano no terreiro prá lá e prá cá para fazer um sirigado a seu "casca de bala" cansado de guerra.
Ou disputaria a Câmara dos Deputados e ficaria a semana no DF enquanto Wanderlei se estabeleceria no vão administrando o projeto político da primeira dama e do filho?
A persistência de Wanderlei na proposição tem potência, pela lógica, como se vê, para parecer falsa ou duvidosa até a ele próprio.
Nesta mesma semana o governo espalhou que Wanderlei (que é presidente do Republicanos) elegeu o maior número de prefeitos no Estado: 56.
E que o desempenho do partido só teria sido menor do que a quantidade de eleitos em São Paulo.
Não é nova (mas compreensível) a tentativa de empurrar o governador do Estado para o cenário nacional.
Mas a pergunta é: pra quê? Para entregar este capital político a outro partido e a uma terceira liderança? E deitar-se na cama?
Seria caso inédito no Estado um governador se aposentar com 62 anos (que terá em 2026).
Com 60 anos Siqueira Campos governava pela primeira vez o Tocantins (1.988). Governaria até os 86 anos e fez política até os 92 anos.
Ademais porque o governo contabilizaria, agora, os prefeitos que terá na sua base até 2026? Escalando ter rede de apoio em 117 dos 139 municípios?
Apoio a quê? Incluindo, inclusive, os 15 prefeitos eleitos pelo PP que já está com Eduardo Siqueira (Podemos, comandado por Tiago Dimas). E que somados os demais, se tornam 36 da base oposicionista.
Partindo-se da tese governista (prefeitos), na aposentadoria de Wanderlei, a candidata ao governo seria Dorinha Seabra (UB/37 prefeitos).
Ou tencionaria Wanderlei negligenciar os R$ 5 milhões (75,82% de todos os gastos de sua campanha ao governo) que o partido de Dorinha aportou em sua campanha em 2022, trocando, do nada, tudo isto por uma aposta arriscada em Amélio Cayres?
A tese também levaria as duas vagas de senado a Vicentinho Jr (PP/15 prefeitos mas com Podemos) e Marcelo Miranda (MDB/4 prefeitos e que não conseguiu eleger-se estadual há dois anos).
Aliás, Vicentinho Jr tem sido tratado pelo prefeito eleito da Capital, Eduardo Siqueira, como um grande deputado, não só do Tocantins, mas do país.E isto tem um custo, claro.
Fato. É presidente do PP regional e ninguém preside a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados por acaso. E a Câmara deverá ser presidida a partir do próximo ano por Hugo Mota (Republicanos) mas indicado por Arthur Lira (PP).
Jogando na vala comum o senador Eduardo Gomes (PL/3 prefeitos). Dependente de negociações com o bolsonarismo. Vá lá!!!!
Uma falácia. Falsos juízos são comuns, mas falsos silogismos, não. A carência de lógica,nas democracias, cai quando confrontada no contra-argumento com a lógica natural.
Como Laurez foi riscado do mapa palaciano, não haveria mais nomes. Significa que a saída de Wanderlei causaria mais problemas ao grupo do que soluções. A persistência denunciaria mero individualismo.
Mas e por que motivos, nesta mesma semana o Palácio insistiria na aprovação do governo Wanderlei? Para simples comparação ao governo que sucedeu e ao governo que virá e do qual não fará parte?
Pode ser apenas uma dialética natural de Wanderlei Barbosa. Mas a dialética natural não guia um grupo tanto tempo desprovida da lógica natural.