Uma das tarefas mais inglórias da assessoria do presidente Lula é fazê-lo não se estender em discursos improvisados.
Os assessores da pré-candidata Janad Valcari é provável que tenham preocupação semelhante.
Na quinta (em encontro interno do PP) Janad aproveitou para sua campanha eleitoral do PL.
O encontro terminou reunindo os partidos da base do governo, desviando-se da sua finalidade e da Justiça Eleitoral. Discursou Janad:
“Palmas, há 10 anos, não tem prefeito ou prefeita que esteja ao lado da bancada federal. Eles sempre deram as costas para nossa bancada”.
Pura falácia facilmente descontruível. Deputados e senadores não são eleitos e nem devem obrigação a prefeitos. E sim aos seus eleitores. E Palmas já soma 200 mil deles (20% do eleitorado do Estado).
Do contrário, seria pensar que os 24 deputados estaduais, oito deputados federais e três senadores (alguns majoritários na Capital), deixariam de mandar recursos para Palmas por não ser bajulados pelo prefeito da hora. Uma interminável campanha eleitoral.
Na verdade, parlamentares preferem destiná-los a municípios onde possam determinar a aplicação das verbas e escolher os executores.
Tanto que o Congresso aprovou, há cinco anos, que eles podem até mesmo não mandar para o governo.
Como também não o fazem de forma adequada ao governo de Wanderlei Barbosa como não o fizeram no de Mauro Carlesse ou Marcelo Miranda.
Os dados dos recursos de emendas individuais e de bancadas são públicos e facilmente acessáveis no portal da Controladoria Geral da União e da Secretaria do Tesouro Nacional.
No ano passado, os deputados federais e senadores encaminharam ao governo de Wanderlei (essa mesma bancada aí bolsonarista) o motante de R$ 124 milhões. Para os municípios mandaram R$ 459 milhões.
Em 2022, a diferença foi pior ainda: deputados e senadores mandaram para o primeiro ano de governo de Wanderlei apenas R$ 19 milhões. De um total de R$ 397 milhões de emendas.
De forma que o raciocínio de Janad poderia ter uma leitura inversa: os deputados e senadores teriam dado as costas para a população de Palmas. E para Wanderlei Barbosa.
E nem assim estaria correto a tese da deputada: deputados e senadores mandaram, sim, emendas para Palmas em 10 anos.
Apesar de Carlos Amastha e Cínthia Ribeiro terem sido eleitos contra o grupo que, após mais de dez anos, hoje se junta para se transformar na “nossa bancada” de Janad.