Vamos lá. O IBGE divulgou ontem o PIB (soma de todas as riquezas no período de um ano) do país e dos Estados. O PIB do Tocantins saltou para R$ 51,7 bilhões.

O PIB do Tocantins cresceu 9,2%. Só perdeu para os 9,3% de crescimento do Rio Grande do Sul. Os políticos governistas (e o governo) exaltaram-se e sua oposição calou-se.

Mas atenção: essa estatística diz respeito ao ano de 2021!!! Estamos dois anos à frente, 2023. Naquele ano (21), Mauro Carlesse foi responsável por 83% das contas. Wanderlei assumiu só em 20 de outubro.

A celebração ontem, assim, do Secretariado (com foto e tudo) dos números da economia do Estado (e o blábláblá de emprego e renda) era um atestado de reconhecimento, portanto, a Mauro Carlesse.

Agora vamos aos números: a LDO 2021previa para aquele ano um PIB estadual de R$ 40,112 bilhões. Os R$ 51,7bilhões registrados pelo IBGE hoje são 28% acima da projeção daquele ano.

E próximo dos R$ 56,7 bilhões da projeção do PIB (LDO/23) para este ano. Dois anos depois. Óbvio que a economia tem suas nuances, mas o chutômetro do Planejamento está escancarado.

Os R$ 51 bilhões do PIB de 2021 também fazem contraste com a pobreza (e, naturalmente, com o discurso do emprego e renda).

No Estado (dados do IBGE/Ministério do Desenvolvimento Social) demonstram que enquanto o PIB cresce, a pobreza se espalha.

No Censo de 2010, a pobreza no Estado era de 159 mil pessoas e o PIB de R$ 17,2 bilhões. No Censo de 2022, o número na pobreza é de 439 mil moradores e a projeção do PIB/23 (LDO 2023) é de R$ 56,7 bilhões. Ou seja, o PIB cresceu 229% e a pobreza 176%.

Em setembro de 2023, o cadastro único do governo federal registrava no Estado 692 mil pessoas tendo renda per capita mensal abaixo de meio salário mínimo. Destes, 439.992 na pobreza.

Significa que 30% da população do Estado ganha até meio mínimo (R$ 660,00). O equivalente a um terço do auxílio alimentação da Assembléia Legislativa,  66% do auxílio alimentação dos servidores da prefeitura de Palmas ou 31% do auxílio alimentação no Judiciário. Ou apenas 19% do auxílio saúde dos procuradores do Estado que, além do Previr, tem R$ 2,1 mil para cuidar dos seus problemas de saúde.

Ah, o Estado do Tocantins foi considerado, de janeiro a outubro de 2023, a terceira unidade federativa da Amazônia Legal no aumento de desmatamento em relação a igual período de 2022: crescimento de 33%. Num prazo em seis dos nove estados da Amazônia reduziram-no.

Desmatamento para a produção de commodities que inflam os números da balança comercial com implicações diretas e automáticas no PIB não só regional. Não precisa ser ongueiro ou técnico especialista em meio ambiente para constatar o que a soja tem feito no bioma cerrado.

Conforme o MapBiomas, 95% da área desmatada no Matopiba é para soja. As bacias do Araguaia-Tocantins e do São Francisco perderam - segundo a entidade - 56% do seu bioma para a soja. Grão que faz aumentar o PIB e a pobreza e objeto de comemoração e benefícios fiscais pelos governos.

Não à toa, pela previsão da Conab/2ºlevantamento safra 23/24 (Boletim de 9 de novembro de 2023), o Estado aumentou sua área plantada de grãos de 2.013,3  mil ha para 2.109,3 mil ha.

Um aumento de área de 4,8%. Muito embora a produtividade projetada seja negativa: -4,8%. Ou seja, mais terra desmatada, menos produção.

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