Estatísticas, ainda que relevantes para análise e tomada de decisão, são, não raro, conflitantes. Por exemplo: o índice pluviométrico do Tocantins (chuvas) é muito maior do que no Nordeste, o que faz supor não sofrer o Estado com a seca.

No entanto, no Tocantins, convive-se com seis meses de chuvas e outro tanto igual no calor de mais de 40º na sombra. Sem um pingo de água do céu. Obrigando o poder público a ações emergenciais. Da mesma forma que no Nordeste: caminhões pipa, caixas dágua...Mas dividindo-se o índice anual pelos 12 meses, tem-se a razão do aguaceiro retórico.

Pois bem: o Conselho Deliberativo da Sudam reuniu governadores na sexta para apresentar o PRDA (Plano de Desenvolvimento Regional da Amazônia) para o quadriênio 2024/2027. Pela dimensão que lhe foi dada, é legítimo ter o plano como uma saída para o desenvolvimento dos sete Estados da Amazônia Legal (conceito geopolítico criado pelos militares).

No PRDA, entretanto, a Sudam escora seu planejamento em argumentos como este aqui:

“Primeiramente, é importante considerar a delimitação da área de atuação da Sudam, e consequentemente do PRDA, que consiste nos sete estados da região norte, somados ao Mato Grosso e a porção oeste do meridiano nº 44 no Maranhão, o que resulta em 772 municípios atualmente”.

E isto:

“A tipologia da PNDR é outra forma de analisar o território amazônico. O Mapa 2 mostra como as 8 tipologias da PNDR estão presentes na região. Percebe-se, por exemplo que os estados de Tocantins, Mato Grosso e Rondônia não apresentam nenhum município com a situação extrema de Baixa Renda e apresentam maior número de municípios na situação de Alta Renda, enquanto os demais estados da Amazônia Legal possuem alto número de municípios na condição mais vulnerável e poucos na condição mais favorável.”

Ou seja, o Tocantins não registraria nenhum município (pela Sudam) com situação extrema de baixa renda e apresenta maior número de municípios na situação de alta renda.

O dado conflita com os números do governo federal. Números do Cadastro Único do governo federal (atualizados em abril de 2023) indicam no Estado do Tocantins 133 mil e 44 famílias na extrema pobreza. Ou: 532 mil pessoas no critério do IBGE.

 E outras 49 mil e 884 famílias (199 mil pessoas) na pobreza. Já de baixa renda elas seriam 96 mil e 650 famílias (386 mil pessoas). Somando: 1,117 milhão de pessoas no Estado teriam renda de até meio salário mínimo mensais.

Deve ser um exército que, ainda residente no Tocantins, a Sudam não os observe no seu território. E aí a dúvida irrefutável: de onde e para onde vai o plano de desenvolvimento da Sudam?

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Ponto Cartesiano

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