“-Não, não, o meu trato com o Vitor, entendeu? Foi até engraçado, eu dei só o carro só para ele rodar. O mesmo trato que eu fiz com o Janiel era o trato que eu fiz com o Vitor. Só que ele fez a mais do que isso, entendeu? Ele pagou as parcelas mesmo que estava em atraso do carro. É... alugou o carro também, entendeu? Me contratou também. Ai depois ele falou pra mim que precisa se preocupar não, que ele ia agasaiar o emprego pra muié e ia agasaiar um emprego pra mim”.
Essa transcrição aí é de um áudio atribuído a Valdiceles Alves Pinheiro, eleitor de Itaguatins.
O Vitor (da conversa) é o prefeito eleito da cidade, Vitor da Reis (Republicanos) que ganhou a eleição no ano passado por uma diferença de 25 votos do candidato do PL, Igor Neves (1.435 votos a 1.410 votos). Num colégio de 4 mil e 37 votos válidos.
Não deu outra: o juiz eleitoral da 11ª Zona Eleitoral de Itaguatins, Jefferson David Azevedo Junior, determinou no último dia 14 de março a quebra de sigilo bancário de Valdiceles até dois meses antes das eleições.
A decisão atendeu a pedido da Coligação Itaguatins no caminho certo (PP/PL) do candidato Igor Neves. O pedido foi feito na audiência realizada em 12 de março sob o argumento de que a testemunha teria apresentado divergências no seu depoimento.
A ação de investigação judicial eleitoral aponta no prefeito eleito a prática de captação ilícita de votos e abuso de poder econômico. Se aceita, pode cassar a candidatura e eleição do prefeito do Republicanos.
A defesa alegou que testemunhas não poderiam ter sigilo quebrado, no que foi acompanhada pelo Ministério Público. Mas diante das gravações o juiz não pensou duas vezes: determinou a quebra do sigilo.