Já vai para 60 horas do protocolo da AIJE do Podemos (protocolo às 17h18 min de 16 de setembro/segunda-feira) e a campanha de Janad Valcari ainda não se manifestou.
O pedido/denúncia (assinado pelo advogado Juvenal Kleiber, o mesmo do RECED que cassou Marcelo Miranda) não é café pequeno.
E os advogados de Janad, experientes que são, sabem muito bem disso. Daí o silêncio mais político do que técnico já que o pedido é cautelar. Requer urgências.
Na campanha política, por mais paradoxal que seja, Janad pode vir a ser beneficiada com a publicação nas redes ontem de diálogo ríspido com uma suposta empregada que é atribuído à deputada.
Pode alegar IA, fake e que tais, saindo-se como vítima. E pode até ser verdade que não tenha pronunciado ou que o diálogo nunca tenha de fato existido. Em tempo de redes sociais como verdade, tudo pega.
Além do mais, esse negócio de delicadeza e educação não é muito de políticos. Siqueira Campos (pai de Eduardo Siqueira) chegou, como governador, a atirar um celular contra um secretário.
E na cobrança de funcionários não era nenhum franciscano. Desde seus tempos de deputado a governador. Quando contrariado usava o que tinha nas mãos em lugar da cabeça.
É quase um hábito dos políticos. Com efeito, é melhor ter um prefeito brigão mas honesto do que um sorridente e mão leve. De outro modo: ser educadinho não é o predicado principal.
Janad e sua defesa, no entanto, deveriam se preocupar é com os fatos narrados pela candidatura de Eduardo Siqueira (Podemos) na ação na Justiça Eleitoral com farto material. Alguns deles retirados da peça do Podemos:
A)Diante dos fatos acima articulados, não há a menor dúvida de que Janad Marques de Freitas Valcari, as empresas Os Barões da Pisadinha Produção Musical Ltda., inscrita no CNPJ n.º 34.624.741/0001-65, Terrax Locações e Execuções Eireli, CNPJ n.º 25.147.419/0001-00 (locação de palco) e L2 Prestacional Ltda, CNPJ nº 08.960.041/0001-31, a Tocantins Limpeza Pública Locações e Serviços Ltda, CNPJ nº 13.483.669/0001-23, operam como sendo uma única pessoa, e, segundo está sendo investigado pelo Ministério Público do Estado do Tocantins são potenciais arrecadadores de dinheiro público para fomentar a candidatura da investigada Janad Valcari.
B)Restando menos de um ano para destas eleições, saltou aos olhos o aumento na quantidade de correspondências que chegaram às casas dos moradores da capital do Tocantins com material da então pré-candidata à prefeitura Janad Valcari.
C)Ocorre que os materiais enviados pela investigada Janad, que possuem natureza de nítida de promoção pessoal, foram distribuídos com o selo da mala direta da Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins. Portanto, há cristalina promoção pessoal
D) Estimando um custo médio de R$800 por brinde, mais os investimentos em publicidade, aluguel de palco, estrutura e transporte, os gastos com os eventos da deputada Janad Valcari com a distribuição de presentes, orbitam entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões.
E) Ora, este ano, a candidata Janad cooptou para sua base política mais de 200 candidatos a vereador, num quadro com quatro candidatos a prefeito, e levando em consideração que cada partido somente pode registrar 24 candidatos, o que representa quase 70% dos candidatos. Dos 24 deputados estaduais, a candidata investigada Janad tem apoio de 22, pois apenas Jair Farias apoia o candidato Eduardo e o deputado Jr. Geo que é candidato a prefeito, além de contar com apoio do Governador.
F)Conforme depoimento prestado perante a Delegacia de Direitos Humanos e Defesa Institucional – DELINST/DRPJ/SR/PF/TO, a promessa econômica ofertada aos candidatos a vereador seria de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) para não mandatários e R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para mandatários, sendo pagos por meio de transferência pix ou contratos futuros com a prefeitura.
G)No caso de Iranildo Araújo de Barros, cuja ficha de filiação ao PODEMOS segue em anexo, em pesquisa no Portal de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais, verifica-se a locação de veículo de sua propriedade, o FORD TRANSIT REVES, no valor de R$ 22.500,00 (vinte dois mil e quinhentos reais).
H)Esse modus operandi foi revelado a partir de dialogo travado com o Sr. Wagner Amaral, que era apoiador e précandidato a vereador pelo PODEMOS, que, como tantos outros, foi “convencido” a apoiar a candidatura da investigada Janad. No diálogo, cuja ata notarial foi registrada em Cartório Público, que segue em anexo, o Sr. Wagner Amaral detalha a abordagem e a materialização da compra de seu apoio político, com destaque para os seguintes pontos
I) Após assédio, recebimento e aceitação de proposta financeira para apoiar candidatura de Janad; Pagamento da compra de apoio político materializado através de 2 transações bancárias via pix; Transferências bancárias realizadas por César Vinicius Molina e Ordiley Kater Valcari, nas contas do Sr. Wagner Amaral e de sua esposa, Reijane Alves de Jesus Araújo; Data da transferência: Em abril de 2024, provavelmente no dia 29/04.
J)Sacramentando a compra do apoio político, o Decreto Administrativo nº 452, de 30 de abril de 2024 (em anexo), publicado no Diário da Assembleia nº 3782 trouxe a nomeação da esposa de Wagner Amaral, a Sra. Reijane Alves de Jesus Araújo a partir de 1º de maio de 2024, como servidora na Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins, e, pasmem, no Gabinete da candidata investigada Janad Valcari.
A acusação é muito grave. Na petição há, entretanto, um ligeiro deslize: além de Junior Geo e Jair Farias, o deputado Eduardo Mantoan também não integra a base de Janad no Legislativo por motivos óbvios.
A candidata pode ter defesa para tudo isso aí. Mas as provas que fez para si de forma tão primitiva e imprudente dará dificuldades a seus advogados para retirá-la dessa arapuca que ela própria, com seu entorno, criou.
Como disse a ministra Carmém Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral em decisão anteontem: política não é negócio.