À medida que as eleições se aproximam e aumenta a distância entre o primeiro e o segundo colocado (pesquisas de intenção de voto) na Capital, os candidatos vão também eliminando o espaço que os separa da razão numérica e, de consequência, relegando à fanfarronice as propostas com as quais dizem pretender convencer o eleitor.
O professor João Bazolli (PSOL) - da academia universitária - prometeu no sábado (debate TV Norte/SBT) implantar o passe livre na cidade que só no primeiro ano injetaria R$ 300 milhões no comércio.
Se considerarmos que no mês de maio de 2020 a arrecadação no mês para a Prefeitura foi de R$ 6,6 milhões (impostos municipais de serviços no comércio) - R$ 304 milhões em notas fiscais de serviço emitidas -, a proposta de Bazolli prevê, assim, devolver ao comércio em um ano o montante que a prefeitura demoraria quatro anos para arrecadar de ISSQN e Simples nacional na cidade.
A tese seria, intuo, transformar o vale-transporte (segundo ele R$ 400 mensais) em salário em que o trabalhador (funcionário público ou privado, sim porque a legislação contempla a todos trabalhadores) poderia gastar em compras na cidade. É claro que é uma proposta que faltaria combinar com o Congresso Nacional.
Mas ele com seu conhecimento universitário não se importou. E também não informou sobre o gasto duplo: o passe livre acrescentaria outra despesa aos cofres municipais já que a prefeitura teria que bancar o passe livre e o auxílio transporte que o candidato espera cair no comércio. A não se que o PSOL convença os donos das empresas de transporte coletivo a carregar os "trabalhadores" na faixa e não percebam nada por isso.
Vanda Monteiro insiste em criar o auxílio que irá exigir R$ 60 milhões anuais. Como é grana na veia não pode sair de transferências ou verbas carimbadas. Hoje, 63% das receitas primárias e 62% das receitas correntes líquidas da prefeitura são de transferências do governo federal (R$ 748 milhões de um orçamento de R$ 1,5 bilhões/2021).Ainda que a prefeitura (na LDO 2021) estime um crescimento de receitas de 12%, a previsão do resultado primário positivo (diferença entre receitas e despesas excluindo os juros de empréstimos) é de apenas R$ 2,9 milhões.
E por que? O incremento dos recursos é inflado pelas receitas de capital (dos empréstimos) que, como lógico, não podem ser utilizados para auxílios emergenciais que Vanda quer transformar em programa definitivo.
No mesmo debate, os candidatos Alan Barbiero e Tiago Andrino decidiram passar uma borracha sobre suas participações nas administrações de Carlos Amastha. Tiago criticou a falta de opções de turismo e propôs ações para atrair pessoas para a Capital com eventos e uso do lago. E Alan disse que vai resolver a questão fundiária.
São dois temas relevantes. O problema no primeiro é que o lago existe desde 2001 e, no período, Carlos Amastha foi prefeito por dois mandatos. Tanto Tiago quanto Alan foram seus secretários e não se viu a proposta ser levada adiante. Nem no turismo tampouco na questão urbana.
Nesta, pelo contrário, na administração Carlos Amastha implantou-se uma mudança no Plano Diretor com capacidade de aumentar os problemas da cidade. Basta dar uma passada na TO-050 para comprovar o resultado:loteamentos de luxo em áreas de preservação ambiental. Coisa que Raul Filho tentou (com críticas da academia que pariu Bazolli) e não conseguiu em oito anos.
E que Bazolli, agora, passou batido como se problema não representasse.