O imblóglio das benesses na Câmara de Vereadores da Capital tangencia outra discussão que corre solta: a eleição da presidência da casa para o biênio 2021/2022. Ainda que apenas seis vereadores da atual legislatura tenham sido reeleitos (minoria na próxima), os nomes colocados sugerem que a eleição está voltada para o retrovisor.
A eleição deve ocorrer logo após a posse (dia 1º de janeiro) e, pela Lei Orgânica, deve ser conduzida pelo vereador mais votado que vem a ser o atual presidente, Marilon Barbosa. Ou seja, daqui a menos de um mês já se terá o novo presidente para os próximos dois anos.
Marilon se espeta, tudo indica, num fio: se o STF decidir na ADI 6.524 ainda este ano que presidentes de Legislativo podem ser reeleitos sendo legislaturas diferentes (ação no Supremo que trata da reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado), poderia, por similitude, disputar novamente o cargo com possibilidade de êxito.
Uma posição estratégica no período que antecede as eleições estaduais em que o irmão mais novo, vice-governador Wanderlei Barbosa, pode ter condição destacada. Daí a inequívoca relação com o governo do Estado.
Marilon teria outro obstáculo: o vereador Pedro Cardoso (do Democratas como ele e filho do deputado Cleiton Cardoso) que saiu das urnas com apenas 28 votos a menos que o atual presidente (2.925 contra 2.953 de Marilon). E que é tido também como um candidato possível de ser apoiado pelo Palácio Araguaia.
Correndo por fora (e pela lógica torcendo pela negativa do STF) seguem os vereadores Folha Filho/Patriota (ex-presidente e aliado da prefeita Cínthia Ribeiro) e o vereador Eudes Assis (do PSDB da Prefeita) e que teve mais votos que Folha.
Tentam ainda viabilizar uma candidatura Rogério Freitas e Janad Valcari, com maior possibilidade para a professora, em função da estrutura logística e financeira (representante das escolas privadas da Capital) que, por lógica, tem enfrentado os desgastes pela defesa do retorno das aulas presenciais nos estabelecimentos privados com a contaminação da Covid em alta não só na Capital, mas no Estado.
Se fosse uma aposta, o cargo certamente estaria entre Folha Filho e Marilon Barbosa, reeditando a histórica e antipodiana disputa de poder político e de representação entre a Prefeitura da Capital e o Governo do Estado. Apesar de serem considerados aliados circunstanciais.