Eduardo Siqueira Campos vai ser diplomado prefeito na quinta-feira. Significa que está apto a tomar posse. Contas aprovadas e candidatura sem questionamentos judiciais.
O prefeito a ser diplomado tem ligação indiscutível com a cidade. A campanha franciscana que desenvolveu (98,24% doações do partido), por outro lado, contraria a renitente régua política de que teria se enriquecido nos governos do pai.
Ele, próprio, Siqueira, levava uma vida simplória com sua aposentadoria de deputado federal em uma casa funcional numa quadra residencial. Distante dos apartamentos com heliponto ou dos condomínios fechados que abrigam suas criaturas políticas.
E não circulava por Palmas em carros de luxo. Apesar dos cinco mandatos consecutivos de deputado federal e quatro de governador.E quando se queria criticar o siqueirismo, o dedo sempre foi apontado para Eduardo.
Podia-se discutir em Siqueira seus posicionamentos políticos, mas tinha regras e medidas. Não foi perdulário com recursos públicos e sua vida diz como deles cuidava.
O ostracismo de Eduardo na política nos últimos anos - em tempos de muita grana de caixa dois, operações da PF, desvios, compra de deputados e que tais - e o que dispunha, teve e gastou nas eleições refazem o caminho inverso nas deduções e induções.
Eduardo hoje não tem mais Siqueira. E, pelo que declarou (e foi aprovado) nem dinheiro. Mas parece decidido a corrigir equívocos. Um deles: o modo e o fazer-político que literalmente, em boa medida, deu gênese às perturbações no seu itinerário.
Talvez residam aí as correções de rumo na transição. E a prudência do prefeito eleito para chamar para si a responsabilidade pelos cargos e projetos. Sem interferências político-partidárias para loteamento de cargos e verbas.
É conduta de quem pretende liderar o siqueirismo em favor de algo maior: o retorno da política social de Siqueira Campos ao Estado. Palmas seria uma nova largada e que Eduardo, tudo indica, preocupa-se em não sair queimando.
A Capital (criada por Siqueira e que Eduardo já administrou) é uma singular caixa de ressonância para o Estado que Siqueira ajudou a criar e comandou, sendo até hoje considerado o pai dos pobres, como Getúlio Vargas e seu getulismo.
Este siqueirismo que retornou com Eduardo indubitavelmente como se viu nas manifestações da campanha e nos cabelos brancos das concentrações.
E siqueirismo é mais que partido: é uma paixão. Aproxima-se de uma família.
Os modebas que buscaram criar sem êxito o avelinismo sabem muito bem disso.