O vexame da seleção brasileira ontem contra a Argentina não é o fim do mundo.
Ilumina, entretanto, os cartolas do futebol brasileiro.
O presidente da CBF foi reeleito com o apoio da FTF (Federação Tocantinense de Futebol).
A FTF é há 34 anos comandada por Leomar Quintanilha, ex-deputado federal e ex-senador. E um mesmo grupo se reveza na diretoria.
Só é menos longevo que os presidentes das federações do Acre (38 anos) e de Roraima (48 anos no cargo). Iguais na tradição e desempenho.
A CBF tem ativos de R$ 1,6 bilhões. E o presidente reeleito salários de R$ 6,7 milhões anuais (somada a gratificação do conselho da Fifa).
Leomar, presidente da FTF, tem salários anuais de R$ 613 mil (R$ 51 mil mensais limpinhos). Ou: 27% de todo o orçamento da entidade.
Para efeito de raciocínio, o governador do Tocantins tem salário de R$ 31 mil.
No último balanço publicado (em 13 de abril de 2024), a FTF acumulava um déficit de R$ 383 mil. Um ativo circulante de R$ 72 mil e de R$ 80 mil não circulante.
Ou seja, o salário mensal do presidente seria equivalente a 70% de todo o ativo circulante (bens e direitos) da FTF em 12 meses.
É Leomar, agora, um dos oito vice-presidentes da CBF.
Mas o Estado, apesar destes 34 anos de profissionalismo feudal e imperialista na direção, não chegou nem perto da Série C. Não sai da Série D.
E é o 26% Estado no ranking da CBF.
Mas é um sucesso!!!!!!
É a manutenção disso que faz o sistema político (governos e prefeituras) ao financiar clubes de futebol profissional (associações privadas), tal como se faz no Tocantins.
Ainda que com as melhores das intenções.Ainda que com as melhores das intenções. E que no final objetiva mesmo é o voto dos curraleiros independente do custo.