O governo apresentou ontem sua nova logo: Trabalhando e Cuidando de Todos. E o título da gestão: sai o Tocantins, Gestão Municipalista e entra o Tocantins Melhor.

Não alterando o brasão (que é oficial), governos podem fincar o que lhes der na telha como slogan para marcar suas administrações. O que importa é o resultado do governo nas contas públicas e nos benefícios que leva à população. O mais é perfumaria.

No governo Avelino (91/94), o símbolo era uma mãozinha em forma de coração. Em vermelho e verde, duas das cores do MDB (a outra é o preto).

Atenção: nas obras entregues o governo mandava colocar esse coraçãozinho e mãozinha de concreto. Onde não dava, colocava-se em acrílico sobre um pedestal de concreto.

Uma placa desenhada em cimento, ferro e areia. Muitas delas foram retiradas pelo governo que o sucedeu (Siqueira Campos/95). Dinheiro jogado fora.

Siqueira, no lugar, colocou o símbolo UT sobre o mapa do Estado. Nas cores do Estado que eram, justamente, também, as cores da UT. Criador e criatura, mas o dinheiro continuava público.

Nada diferente, na essência e substância, das mãozinhas e coraçãozinhos vermelho e verde do MDB. Propaganda política e partidária misturada com mensagem oficial. Tudo junto e misturado.

Nessa época aí, com apenas dois anos de Estado, o MDB já criava o MST (Movimento de Salvação do Tocantins) em oposição à UT (União do Tocantins), criada por Siqueira Campos.

Para os modebas, o Estado já precisava de salvação. Com efeito, siqueiristas e emedebistas revezaram-se por trinta anos unindo e salvando.  Não se sabe o quê dada a situação de miséria da maioria da população do Estado e os orçamentos públicos cada vez maiores.

Como revelam números oficiais: 44,5% (Ministério da Cidadania/2022) da população (cerca de 800 mil pessoas) na pobreza e extrema pobreza e um Pibão de R$ 44 bilhões (PIB per capita de R$ 27 mil). 

Siqueira preferiu, nos três governos que completou (o outro entregou a Sandoval Cardoso) a logo que pontuava um Estado da Livre Iniciativa e da Justiça Social e as cores da bandeira do Estado, como o faz, nas cores, agora, Wanderlei Barbosa.  

Carlos Gaguim por pouco não tascou o laranja da McLaren de Airton Senna no seu Acelera Tocantins. Mesmo que em 2009, o campeão da F1 tenha sido Jenson Button e sua Mercedes prata.

Mais de três décadas depois, a Justiça Social foi capitulada pela Livre Iniciativa. Com dinheiro público. No que impõe ao novo Tocantins Melhor uma proposta mais exequível.

Sempre se estará melhor ou pior. Tocantins Melhor é diferente de Tocantins está melhor. No primeiro, há as duas idéias: por um Tocantins melhor e está melhor. No segundo, corre-se o risco da negação dependente da situação correspondente.

Wanderlei, como se vê, escolheu o menos assertivo, menos afirmativo do ponto de vista do resultado conseguido e o projetado. Uma leitura sobre o ideal, ideado e o real.

O governo será melhor? Obviamente que não são logomarcas e slogans de governos que impulsionam o desempenho do poder público. É como se os governos fizessem da administração um prolongamento de suas campanhas eleitorais.

Uma crítica que puxa até mesmo a mancha gráfica nova, apresentada ontem. Apesar dos discursos sobre conceitos e que tais, para dar uma suntuosidade e inteligência à criação da marca, ela, à primeira vista, é cópia modificada da logo do Consórcio Investco (que construiu a UHE Luis Eduardo Magalhães).

A tal paleta de cores que, finalmente, inclui, de forma gráfica, com timbre oficial, o tenente Luis Carlos Prestes (do Partido Comunista) na centenária história do Estado e de sua criação.

Ainda que se pudesse dar-lhe, de boa fé, a melhor das intenções marqueteiras, um interpretação fundada em narrativas que favoreceria a reescrita da história. Monumento físico, produto de uma vontade política, modificando a história real e seus personagens relevantes..

Quando nela seus registros são apenas da passagem da Coluna Prestes, que apropriava-se do gado dos moradores e, conforme escreveu um de seus membros, Arthur da Távola, seus milicianos estupraram mulheres na região Sudeste do Estado que hoje o reverencia.

É pública e histórica a luta da igreja portuense e os militares para conter os comunistas na cidade, que eram chamados de revoltosos. As marcas de tiros ficaram em muitos casarões. Ali, a Coluna soltou um manifesto em 19 de outubro de 1.925. O escritor goiano Padre Palacin publicou livros com as cartas do bispo local ao governo militar pedindo ajuda contra a Coluna que, pretexando defender as liberdades, fechou o único jornal da cidade (em Porto Nacional).

Ou seja, ao Memorial Prestes (uma aberração histórica assim como o Monumento do Forte de Copacabana ao lado do Palácio do Governo) é dado a mesma relevância histórica que à Catedral Nossa Senhora das Mercês (construída pelos escravos no Século XIX)- que reagiu à Coluna Prestes-  e à Igreja do Rosário dos Prestos (de Natividade, também do Século XIX) e a outros patrimônios culturais indiscutivelmente parte da história tocantinense.

A estética, pretextando retratar a história, dando tintas oficiais a uma narrativa alternativa. E todo mundo diz: ahahahah, que lindo!!!

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