O governador Wanderlei Barbosa festejou nas redes sociais ontem junto à torcida no Mirandão a decisão do campeonato tocantinense de futebol.

Certa medida é compreensível. Wanderlei foi jogador de futebol profissional pelo Taquarussu. Uma das primeira equipes a ser profissionalizar. Tem paixão por futebol.

Mas se aparentava ser hora oportuna de confraternizar com os 10 mil torcedores contabilizados pelo Chefe do Executivo, politicamente as circunstâncias não o incentivariam a comemorações alienadas da crise que enfrenta o governo em setor nevrálgico: as penitenciárias.

São 4 mil presos (muitos faccionados) à deriva.Ainda que o governo tenha feito proposta, não há solução à vista. E apesar de decisões judiciais, o que agrava a situação.

Os clubes da série A  do campeonato tocantinense de futebol terão R$ 3 milhões dos cofres públicos do governo este ano. Mesmo valor que tiveram no ano passado. São associações privadas destinadas ao lucro.

O presidente da Federação (um ex-senador e ex-deputado federal) que os congrega teria tido o salário (pago pela CBF) elevado para R$ 215 mil mensais (conforme a Revista Piauí publicou na última sexta).

Seria, portanto, um marajá que comandaria com mão de ferro a miséria dos clubes e as competições sem as quais não teria sentido sua existência.

Mas ninguém tem nada com isto porque é uma entidade privada. Entretanto, o governo põe dinheiro nos clubes.

Obviamente que, do ponto de vista financeiro, o governo estaria ajudando a CBFa manter seus lucros bilionários porque não precisaria investir no seu estoque de mercadoria.

Ou seja, aqueles 600 mil tocantinenses que ganham até meio salário mínimo no Estado,estariam justificando (bancando) os R$ 215 mil mensais do presidente da FTF.

O equivalente a R$ 2,8 milhões anuais de salários seriam pagos ao executivo que preside a entidade no Estado há 35 anos.

O faturamento líquido da CBF em 2023 (último balanço) de R$ 1 bilhão e os salários dos executivos da entidade por si já afastariam a necessidade de verba pública nas equipes federadas, como se dá no Tocantins.

Há entretanto duas variantes que concorrem para Wanderlei Barbosa e Ednaldo Rodrigues (presidente da CBF) convirjam, circunstancialmente, para um mesmo ponto.

Apesar daquele R$ 1 bilhão de receita líquida, a CBF cortou treinamento de árbitros.

E o governo do Estado tenta isolar no estádio de futebol a crise que enfrenta com os penais.

Como se fosse nada!!

A pergunta é: existiria um plano B para uma eventual paralisação real dos policiais? Isto porque a decisão da Justiça é uma forçada de barra que não refuta o problema. Antes, o adia mais uma vez na solução.

Policiais penais não podem ser obrigados a cobrir as falhas do poder público sem compensação por anos, como é fato.

E que desse ao governador a tranquilidade para curtir uma partidinha de futebol num sábado à tarde no interior do Estado quando se espalhava notícias de rebelião nos presídios?

PS: o União sagrou-se campeão e a partida foi transmitida ao vivo nas plataformas.

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